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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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ASAS CORTADAS

Por documento, PIB deve crescer em média 3,3% até 2006, menos que os 5% prometidos para a geração de empregos

PPA reduz meta de crescimento da campanha

ROGÉRIO GENTILE
EDITOR DO PAINEL

FABIO SCHIVARTCHE
DO PAINEL

No seu nono mês de Palácio do Planalto, sem fazer alarde ou mea-culpa, Lula abandonou uma das metas mais importantes de seu programa de governo, apresentada à página 20 do livro "Mais e Melhores Empregos": "Toda a política econômica [do meu governo] no período de 2003 a 2006 deve ser concebida para viabilizar um crescimento médio de pelo menos 5% [ao ano]".
Fora dos palanques, o presidente fez uma outra promessa para a economia, mais modesta. No PPA (Plano Plurianual) do período 2004-2007, previu que, com a sua política econômica, o PIB brasileiro deve crescer em média entre 3,25% e 3,37% por ano.
Na apresentação do documento, o ministro Guido Mantega (Planejamento) fez questão de ressaltar que o governo Lula optou por elaborar uma proposta "realista, pé-no-chão".
Pelo novo texto, o governo federal planeja um crescimento entre 1% e 1,5% para 2003, de 3,5% em 2004, de 4% em 2005 e de 4,5% em 2006. Os prometidos 5% da campanha seriam possíveis apenas em 2007, quando já terá terminado o mandato para o qual Lula foi eleito no ano passado.

PIB e empregos
Atualmente, segundo pesquisa de julho do IBGE, há 2,6 milhões de desempregados apenas nas seis principais regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre) -12,8% da população economicamente ativa.
Na campanha, cujo coordenador do programa de governo foi o atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, Lula anunciou "que a recuperação do direito ao trabalho" era o seu maior compromisso".
Para atingi-lo, dizia o programa de governo do PT, seria "fundamental assegurar as condições econômicas para um crescimento do PIB, em média, de 5% ao ano, além de serem implantadas ações voltadas especificamente ao multiplicador de empregos".
Com os 5% de crescimento do PIB ao ano, dizia o documento, seria possível gerar 5,33 milhões de empregos entre 2003 e 2006.
Os 10 milhões de empregos -que, durante toda a campanha, Lula disse serem necessários criar nos quatro anos de mandato- dependeriam também de outras medidas, conforme o candidato mostrou em quadro apresentado à página nove do seu programa.
Entre as propostas apresentadas está registrada a redução da jornada de trabalho e das horas extras, que, segundo o texto eleitoral de Lula, criaria as condições para a geração de mais 3,2 milhões de postos de trabalho.
No PPA, no entanto, a meta é mais pessimista do que no programa de governo. A redução da jornada, cuja proposta ainda está sendo discutida com empresários e sindicatos de trabalhadores, permitiria a criação de 2 milhões de empregos.
Os 10 milhões de empregos de Lula ficam ainda mais distantes se o crescimento do Produto Interno Bruto tiver maior proximidade com as projeções do governo do Estado de São Paulo, mais modestas do que as da União. No PPA paulista, o "espetáculo do crescimento" terá os seguintes números: 2,8% (2004), 3,4% (2005) e 3,7% (2006).
Ao comentar a diferença entre a sua previsão e a do Planalto, o governador Geraldo Alckmin ironizou: "Trabalhamos com a cabeça no lugar e os pés no chão. Otimismo não se inventa, se constrói com trabalho e bom senso".
O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, também faz projeções menos otimistas. A nova estimativa do instituto para o crescimento do PIB em 2003 é de 0,5%.



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