São Paulo, quarta-feira, 07 de novembro de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

PSDB quer diminuir exigências pefelistas em acordo para 2002

Crise tucana faz Planalto admitir aliança sem PFL

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise do PSDB levou ontem o Planalto e os tucanos a admitirem disputar a eleição presidencial sem a companhia do PFL. Trata-se de uma tentativa para desviar a atenção do acirramento da disputa entre José Serra e Tasso Jereissati pela indicação da sigla e forçar os pefelistas a diminuir suas exigências para a reedição em 2002 da aliança eleitoral vitoriosa em 1994 e 1998.
Em conversa no Palácio da Alvorada, o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), concluíram que o governo "tem de começar a admitir com naturalidade o PFL ter a sua própria candidatura", conforme disse Aécio, à saída.
Os três também concordaram que a data ideal -um dos motivos de divergência entre os tucanos- para a definição do nome do candidato é o início de março.
O crescimento de Roseana Sarney (PFL-MA) nas pesquisas e o aprofundamento das divergências entre os dois principais concorrentes tucanos, José Serra, ministro da Saúde, e o governador do Ceará, Tasso Jereissati, compõem os ingredientes da crise por que passa o PSDB.
Esses eram os temas previstos para ser tratados na reunião de ontem da Executiva Nacional da legenda, em Brasília, e que não havia terminado até o fechamento desta edição.
Na origem da reunião esteve a insatisfação de Tasso com o cronograma desejado por Serra e estimulado pelo Planalto para a escolha do candidato do PSDB. Tasso quer pressa e igualdade de condições na disputa. Serra quer deixar a definição do nome para o final de fevereiro ou início de março do ano que vem.
Por igualdade de condições, por exemplo, Tasso entende aproveitar o espaço de TV do partido, cujas inserções começaram ontem e se estenderão até o dia 17, para dar dimensão nacional a seu nome.
A queixa dos "tassistas" é que Serra, por ser ministro da Saúde, tem mídia nacional, tanto já apareceu oito vezes em cadeia nacional e duas em cadeia regional.
Serra, por seu turno, quer aproveitar ao máximo sua atuação no ministério e conta que, daqui a cinco meses, o governo FHC deve estar mais bem avaliado (a avaliação positiva do presidente tem se mantido estável nas pesquisas). Se as coisas se mantiverem como estão, a candidatura cairia em suas mãos quase por gravidade.
"O Serra não pode dar ao processo o ritmo dele. O ritmo é o do partido", diz o senador Lúcio Alcântara (PDSB-CE), espécie de porta-voz de Tasso na bancada cearense no Congresso.
O programa projetado pelo publicitário do PSDB, Paulo de Tarso, segundo dirigentes tucanos, "diluía" os presidenciáveis da sigla, o que só interessaria a Serra. José Aníbal tem opinião diferente. Ele quer expor desde já os presidenciáveis tucanos, que continuam na rabeira das pesquisas, enquanto Roseana Sarney sobe.
De certo, é que FHC vai estrelar o programa de 20 minutos do dia 15, com destaque para a aclamação que teve na Assembléia Nacional francesa, semana passada. Para passar a idéia de que os tucanos são administradores reconhecidos internacionalmente.



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