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Agente e delegado da PF são "funcionários" de acusado
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um delegado e um agente da
Polícia Federal, presos na Operação Anaconda por suposta participação na venda de sentenças judiciais, são registrados como
"funcionários" do escritório de
advocacia de Affonso Passarelli
Filho, também detido na megaoperação comandada pela PF e pelo Ministério Público Federal.
Os nomes do delegado aposentado Jorge Luiz Bezerra da Silva e
do agente da PF César Herman
Rodriguez constam na relação de
pessoas autorizadas por Passarelli
a ter livre acesso a seu escritório
de advocacia em São Paulo.
O agente trabalhava no gabinete
do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, apontado pela Procuradoria como "mentor da quadrilha" -o magistrado foi denunciado por formação de quadrilha,
falsidade ideológica, peculato,
prevaricação e corrupção passiva.
A Folha teve acesso à lista com
os nomes das pessoas liberadas
por Passarelli para entrar no prédio. A pasta fica arquivada na
portaria do edifício.
O documento, com o timbre do
escritório de advocacia, não tem
data. Segundo informaram funcionários do prédio, a relação é recente, teria sido atualizada há
aproximadamente um mês. Outras pessoas constam na listagem
(pelo menos quatro advogados,
com os respectivos números da
OAB, e uma copeira).
Normalmente, o benefício da
"passagem livre" é concedido a
pessoas sem vínculos empregatícios, mas que frequentam o escritório repetidas vezes e precisam
de uma vaga na garagem -como
informaram funcionários do
mesmo conjunto comercial, que
pediram para não serem identificados pela reportagem.
Na denúncia oferecida à Justiça,
o Ministério Público Federal relacionou o agente da PF Rodriguez
e o delegado aposentado ao primeiro escalão do grupo que vendia sentenças judiciais e "facilidades" nos inquéritos.
Rodriguez, pela proximidade
com o juiz Rocha Mattos, é citado
como o intermediador do grupo.
Por meio de escutas telefônicas, a
Polícia Federal o definiu também
um "executor".
Ex-superintendente regional interino da Polícia Federal em Mato
Grosso, Bezerra da Silva também
é apontado como um integrante
do grupo. Em seu escritório de
advocacia, a PF apreendeu contratos que estão sob investigação.
Passarelli, que seria do "segundo escalão", teria planejado a falsificação de documentos para o
grupo, segundo a Polícia Federal.
A reportagem telefonou para o
escritório de Passarelli, mas ninguém atendeu. Oficialmente, todos os citados já têm advogados,
porém ainda não os autorizaram
a dar entrevistas.
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