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São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2003

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Agente e delegado da PF são "funcionários" de acusado

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um delegado e um agente da Polícia Federal, presos na Operação Anaconda por suposta participação na venda de sentenças judiciais, são registrados como "funcionários" do escritório de advocacia de Affonso Passarelli Filho, também detido na megaoperação comandada pela PF e pelo Ministério Público Federal.
Os nomes do delegado aposentado Jorge Luiz Bezerra da Silva e do agente da PF César Herman Rodriguez constam na relação de pessoas autorizadas por Passarelli a ter livre acesso a seu escritório de advocacia em São Paulo.
O agente trabalhava no gabinete do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, apontado pela Procuradoria como "mentor da quadrilha" -o magistrado foi denunciado por formação de quadrilha, falsidade ideológica, peculato, prevaricação e corrupção passiva.
A Folha teve acesso à lista com os nomes das pessoas liberadas por Passarelli para entrar no prédio. A pasta fica arquivada na portaria do edifício.
O documento, com o timbre do escritório de advocacia, não tem data. Segundo informaram funcionários do prédio, a relação é recente, teria sido atualizada há aproximadamente um mês. Outras pessoas constam na listagem (pelo menos quatro advogados, com os respectivos números da OAB, e uma copeira).
Normalmente, o benefício da "passagem livre" é concedido a pessoas sem vínculos empregatícios, mas que frequentam o escritório repetidas vezes e precisam de uma vaga na garagem -como informaram funcionários do mesmo conjunto comercial, que pediram para não serem identificados pela reportagem.
Na denúncia oferecida à Justiça, o Ministério Público Federal relacionou o agente da PF Rodriguez e o delegado aposentado ao primeiro escalão do grupo que vendia sentenças judiciais e "facilidades" nos inquéritos.
Rodriguez, pela proximidade com o juiz Rocha Mattos, é citado como o intermediador do grupo. Por meio de escutas telefônicas, a Polícia Federal o definiu também um "executor".
Ex-superintendente regional interino da Polícia Federal em Mato Grosso, Bezerra da Silva também é apontado como um integrante do grupo. Em seu escritório de advocacia, a PF apreendeu contratos que estão sob investigação.
Passarelli, que seria do "segundo escalão", teria planejado a falsificação de documentos para o grupo, segundo a Polícia Federal.
A reportagem telefonou para o escritório de Passarelli, mas ninguém atendeu. Oficialmente, todos os citados já têm advogados, porém ainda não os autorizaram a dar entrevistas.


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