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Procuradores e OAB apóiam crítica às dificuldades criadas pela juíza-relatora de denúncias contra suspeitos de venda de sentenças
Defesa reclama de falta de acesso a autos
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma semana depois da Operação Anaconda, que prendeu oito
pessoas e cumpriu 15 mandados
de busca em São Paulo, advogados dos suspeitos afirmaram ontem que ainda não tiveram acesso
ao processo criminal do caso, que
tramita no TRF (Tribunal Regional Federal) de São Paulo.
No último dia 30, policiais federais de vários Estados -exceto
São Paulo- e procuradores da
República fizeram buscas e prenderam suspeitos de integrar um
suposto esquema de venda de
sentenças judiciais. Três juízes
também foram denunciados.
Ontem, porém, advogados de
defesa e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo
afirmaram que não conseguem
ter acesso às provas e ao processo
judicial. Os procuradores concordam com a reclamação e negam
que a dificuldade de acesso seja
uma estratégia da acusação.
"Parece que a intenção é ocasionar o caos, um espetáculo pirotécnico. Ninguém está realmente interessado em resolver o problema", afirmou Laertes de Macedo
Torrens, advogado de Affonso
Passarelli Filho, também advogado. Torrens disse que não consegue informações no processo.
"Não sei que provas há contra ele,
mas se elas já foram apreendidas,
por que a necessidade de se manter a prisão?"
Alexandre Crepaldi, advogado
de Carlos Alberto da Costa Silva,
cita uma situação em que a segurança do TRF foi chamada quando ele tentou falar com a desembargadora responsável pelo caso,
Therezinha Cazarta, para despachar o pedido de relaxamento de
prisão de seu cliente. "Tenho o direito de ser recebido por um magistrado, conforme a lei. Estamos
sendo tratados como vermes."
Segundo Flávio Valim Côrtes,
seu cliente, o delegado aposentado da PF Jorge Luiz Bezerra da Silva, desconhece as provas coletadas contra ele. "A pior coisa é estar preso sem saber o porquê."
Paulo Esteves, advogado de
Norma Regina Emílio Cunha, ex-mulher do juiz federal João Carlos
da Rocha Mattos, também presa,
afirmou que desconhece as peças
do processo. "Minha cliente há
três anos denuncia esse esquema.
Como pode ser considerada
membro de uma quadrilha que só
tem desafetos", disse.
Para José Luiz Oliveira Lima,
presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB, a própria entidade teve dificuldade em
conseguir informações sobre o
processo. "Foram adotadas medidas questionáveis que podem
causar até a anulação das diligências", afirmou.
A Folha não conseguiu contato
com os advogados dos outros
presos. A assessoria da PF de São
Paulo informou que eles não autorizaram que seus dados fossem
repassados à imprensa.
Segundo a assessoria de imprensa do TRF, a responsabilidade do processo é da desembargadora Therezinha Cazerta e só a
sua assessoria poderia falar a respeito. Funcionários do gabinete
da juíza, porém, não atenderam o
pedido de explicações.
O Ministério Público vai pedir a
prorrogação da prisão temporária dos oito presos.O prazo da ordem de prisão vence amanhã.
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