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São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2003

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TRIBUTÁRIA

Mercadante diz que vai negociar com a oposição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As ameaças feitas pela oposição de obstruir a tramitação das reformas tributária e previdenciária no Senado, em protesto contra a MP que acabou com a cumulatividade da Cofins, forçaram o governo a reabrir a negociação com PSDB e PFL e a acenar com mudanças na reforma tributária.
"No que depender da minha disposição, será céu de brigadeiro. O diálogo é sempre melhor que o confronto. Mas, na democracia, você negocia, mas há sempre o recurso da maioria, que é democrático e legítimo", disse o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP). O petista havia mantido diálogos ásperos com o líder do PFL, José Agripino (RN), e com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) na véspera, depois que a oposição abandonou a votação dos destaques à reforma tributária na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Jereissati afirmou que a oposição teria de ser radical porque o governo não negocia nada e está sendo "prepotente" e "arrogante". "Quando todo mundo acha que uma coisa está errada e só você acha que está certa, alguma coisa está errada com você", teria dito o tucano ao líder do governo.
Agripino havia cobrado do líder do governo que ele "conversasse" com a oposição: "Não vai adiantar nada o governo mandar aqui o secretário da Receita, Jorge Rachid, [para explicar a MP] se você não conversar com as pessoas".
Depois da conversa, quando começaram a ser analisados pontos da reforma, o tucano admitiu que a relação poderia mudar. ""Isso vai contribuir para melhorar a relação do governo com a oposição. O governo não pode estar simplesmente impondo o que quiser na base do rolo compressor", disse.
Agripino também foi procurado ontem pelo líder do governo e ficou marcada uma reunião entre Mercadante, Jucá, pefelistas, tucanos e técnicos para começarem a discutir um texto consensual.
Mas Agripino foi cauteloso: "A oposição só desiste da obstrução se a conversa não for um diálogo de surdos. O governo sabe o que o PFL quer nas duas reformas. Se não houver avanços nesses pontos, vai ser olho por olho".
Mercadante defendeu pontos na proposta de Jereissati, como a determinação de criação do Imposto sobre Valor Agregado em 2007. "Acho que é bom que a proposta seja incisiva na criação do IVA em 2007", disse Mercadante. Ele também defendeu a abertura da discussão da MP da Cofins pelo Congresso, para amenizar o prejuízo dos setores que perdem com o aumento da alíquota, como o setor de prestação de serviços. (RAQUEL ULHÔA)

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