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São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2003

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PARTIDO EM CRISE

Arraes vira alvo de bate-boca de líderes do PSB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A luta interna no PSB, partido que integra a base de sustentação política do governo, resultou ontem num bate-boca entre seus principais líderes e até acusações de espionagem entre os grupos. O deputado Miguel Arraes (PE), 77, está sendo questionado na presidência da sigla.
Na terça-feira, o governador Ronaldo Lessa (AL) reuniu dois dos três senadores do PSB e 20 representantes estaduais do partido em um hotel de Brasília. Foram feitas duras críticas à administração de Arraes, reunidas num documento que Lessa deveria levar ao deputado.
O documento critica "o extremado centralismo autoritário que caracteriza o sistema decisório de nosso partido". Ataca a utilização da sigla em "projetos eleitorais desligados da história" do partido, como teria sido a candidatura presidencial do secretário da Segurança do Rio, Anthony Garotinho, hoje no PMDB.
Em reunião de mais de quatro horas da Executiva Nacional, ontem, Lessa, em vez de entregar o documento, disse que falaria em nome do grupo que se reuniu com ele na terça.
Arraes disse que falaria com o governador sobre qualquer outro assunto, menos este, porque ele, Arraes, estava em "causa".
Em seguida queixou-se de receber críticas de Lessa pelos jornais, que já o teria inclusive chamado de "coronel". Lessa reafirmou a crítica ao autoritarismo de Arraes, mas ressalvou que sempre tentara preservar sua imagem. O deputado Beto Albuquerque (RS) fez um duro discurso em defesa de Arraes e sugeriu que Lessa fosse candidato a presidência do PSB no congresso do partido, a ser realizado em dezembro.
Arraes também disse que essa é a instância para a questão ser resolvida. Lessa pode sair candidato contra o deputado.
Pelo menos um representante estadual disse ao governador que fora procurado pelo líder do PSB na Câmara, Eduardo Campos (PE), que é neto de Arraes, com uma gravação do discurso que fizera atacando o deputado na reunião de terça-feira. Campos o teria ameaçado com intervenção no diretório.
Como não podia "provar" que a gravação fora feita e utilizada, Lessa resolveu não tocar no assunto na reunião. Eduardo Campos classificou a história de "absurda", uma "coisa de bandido" que não faria parte de seus métodos políticos.
Segundo Campos, poucas horas depois a reunião fora relatada a ele e a Miguel Arraes por aliados que participaram do encontro com Ronaldo Lessa.


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