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PARTIDO EM CRISE
Arraes vira alvo de bate-boca de líderes do PSB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A luta interna no PSB, partido
que integra a base de sustentação
política do governo, resultou ontem num bate-boca entre seus
principais líderes e até acusações
de espionagem entre os grupos. O
deputado Miguel Arraes (PE), 77,
está sendo questionado na presidência da sigla.
Na terça-feira, o governador
Ronaldo Lessa (AL) reuniu dois
dos três senadores do PSB e 20 representantes estaduais do partido
em um hotel de Brasília. Foram
feitas duras críticas à administração de Arraes, reunidas num documento que Lessa deveria levar
ao deputado.
O documento critica "o extremado centralismo autoritário que
caracteriza o sistema decisório de
nosso partido". Ataca a utilização
da sigla em "projetos eleitorais
desligados da história" do partido, como teria sido a candidatura
presidencial do secretário da Segurança do Rio, Anthony Garotinho, hoje no PMDB.
Em reunião de mais de quatro
horas da Executiva Nacional, ontem, Lessa, em vez de entregar o
documento, disse que falaria em
nome do grupo que se reuniu
com ele na terça.
Arraes disse que falaria com o
governador sobre qualquer outro
assunto, menos este, porque ele,
Arraes, estava em "causa".
Em seguida queixou-se de receber críticas de Lessa pelos jornais,
que já o teria inclusive chamado
de "coronel". Lessa reafirmou a
crítica ao autoritarismo de Arraes, mas ressalvou que sempre
tentara preservar sua imagem. O
deputado Beto Albuquerque (RS)
fez um duro discurso em defesa
de Arraes e sugeriu que Lessa fosse candidato a presidência do PSB
no congresso do partido, a ser
realizado em dezembro.
Arraes também disse que essa é
a instância para a questão ser resolvida. Lessa pode sair candidato
contra o deputado.
Pelo menos um representante
estadual disse ao governador que
fora procurado pelo líder do PSB
na Câmara, Eduardo Campos
(PE), que é neto de Arraes, com
uma gravação do discurso que fizera atacando o deputado na reunião de terça-feira. Campos o teria ameaçado com intervenção no
diretório.
Como não podia "provar" que a
gravação fora feita e utilizada,
Lessa resolveu não tocar no assunto na reunião. Eduardo Campos classificou a história de "absurda", uma "coisa de bandido"
que não faria parte de seus métodos políticos.
Segundo Campos, poucas horas
depois a reunião fora relatada a
ele e a Miguel Arraes por aliados
que participaram do encontro
com Ronaldo Lessa.
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