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Lula admite erro em 2002 e prevê mais poder ao PMDB
Em reunião com ministros, presidente diz que PT deve perder espaço para aliados
Petista quer conduzir ele mesmo as mudanças, mas agenda de viagens pode atrapalhar; Thomaz Bastos e Gil têm saídas quase certas
KENNEDY ALENCAR
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião com auxiliares
sobre a formação do ministério
do segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse ontem que não vai "repetir os erros de 2002".
O petista pretende reduzir
no primeiro escalão o espaço
que deu ao PT quatro anos
atrás e os candidatos derrotados nas eleições estaduais. Em
dezembro de 2002, 19 dos 33
ministros eram filiados ao PT.
Dos 19, 8 haviam sido derrotados nas eleições estaduais.
Agora, Lula pretende ampliar o espaço do PMDB, partido que já tem três pastas. O presidente deseja também trazer
nomes de peso do empresariado, como Jorge Gerdau.
Participaram da reunião os
ministros Guido Mantega (Fazenda), Márcio Thomaz Bastos
(Justiça) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e o vice-presidente José Alencar.
Bastos deve oficializar em
conversa hoje com Lula o pedido para deixar o governo. São
remotas as chances de ele reconsiderar. Ele também considera que cumpriu sua tarefa.
Quer dedicar mais tempo à família, que vive em São Paulo, e
retornar à advocacia criminal.
O ministro Gilberto Gil (Cultura) também já disse a Lula
que não gostaria de continuar.
Segundo a Folha apurou, ele
argumentou que teria cumprido sua missão e desejaria voltar
à carreira artística.
Os ministros Tarso Genro
(Relações Institucionais) e Dilma Rousseff (Casa Civil) não
participaram da reunião de ontem com Lula. Tarso está em
férias, e Dilma teve um princípio de pneumonia.
Mesmo depois de encerrada
a campanha eleitoral e com um
novo ministério para montar, o
presidente disse na reunião de
ontem que vai continuar a viajar pelo Brasil, para vistoriar
obras de infra-estrutura.
O objetivo é enviar um sinal
inequívoco de que o rumo de
seu segundo mandato será o do
desenvolvimento. A intensa
agenda de viagens, no entanto,
pode prejudicar a intenção do
petista de conduzir ele próprio
a montagem do ministério.
Lula marcou para hoje uma
reunião com os ministérios dos
Transportes e de Minas e Energia para saber em que estágio
estão os principais projetos do
governo. A idéia é que as visitas
comecem em breve, pelas
obras de maior importância,
como portos e estradas federais. Depois dessa reunião, o
presidente deve chamar o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente para tratar especificamente de entraves ao prosseguimento de obras. Durante todo o primeiro mandato, o petista reclamou que as duras leis
ambientais atrasam seus projetos, apesar de dizer sempre que
elas tinham de ser cumpridas.
Em muitos casos, a batalha
por problemas ambientais de
fato atrapalha o ritmo das
obras, e Lula quer ver onde é
possível chegar a um acordo
mais rapidamente, sem burlar
os impedimentos judiciais.
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