São Paulo, quarta-feira, 08 de janeiro de 2003

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PT já admite dispensar apoio do PMDB

Alan Marques/Folha Imagem
O chefe da Casa Civil, José Dirceu (ao fundo), reunido com líderes do PT no Congresso para discutir as eleições na Câmara e no Senado


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT avalia que poderá até prescindir do apoio do PMDB para fazer valer a indicação de João Paulo Cunha (SP) para a presidência da Câmara, mas reafirmou a intenção de um acordo com o partido para as eleições também para o comando do Senado.
Em reunião realizada ontem no Palácio do Planalto, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, e os novos líderes petistas no Congresso concluíram que dispõem de número suficiente para eleger o candidato petista na Câmara, independentemente do apoio do PMDB.
Numa contabilidade preliminar, o nome poderá contar com até 311 votos. O número de deputados coincide com a base que o PT espera ter. Seriam 230 das siglas aliadas ao governo, 31 no PFL (23 correligionários do senador Antonio Carlos Magalhães, da Bahia, e oito de José Sarney, do Amapá), 30 que devem trocar de partido e se abrigar em siglas aliadas e pelo menos 20 no PMDB.
Com esse número de deputados, o PT poderia aprovar emendas constitucionais, o que requer o quórum qualificado de três quintos dos votos, ou seja, 308.
O acordo entre PT e PMDB prevê que os dois partidos apoiarão os candidatos apontados pelas bancadas majoritárias em cada Casa -PT na Câmara e PMDB no Senado-, como é tradição.
"Nossa posição é apoiar o nome oficial indicado pela bancada do PMDB. Neste momento. Mas, se houver um fato novo, isso poderá ser reestudado", disse o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Ele não quis dizer o que seriam "fatos novos", mas, entre outras coisas, é a possibilidade de o PMDB aderir ao bloco PSDB-PFL, ainda não formalizado, e reivindicar a presidência da Câmara. Neste caso, o PT pode fazer um bloco no Senado com os partidos aliados, somando 26 senadores, e tentar eleger o presidente da Casa.
Ontem, o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), anunciou que vai compor com o PT e indicar os nomes de dois deputados para os cargos a que o partido terá direito na Mesa da Câmara. Segundo ele, a criação do bloco com o PSDB não significará o lançamento de um nome próprio à presidência.
Hoje, a cúpula do PMDB reúne-se na casa do presidente do Senado, Ramez Tebet (MS), para discutir o assunto. Deve decidir pela manutenção do acordo. "Não interessa a ninguém descumprir o acordo. Seria negar a tradição e as regras, o que significaria ameaça à sustentabilidade do governo no Congresso", disse o líder do PMDB e candidato à presidência do Senado, Renan Calheiros (AL).
Estavam na reunião petista os senadores Mercadante e Tião Viana (AC), líder da bancada, e os deputados Nelson Pellegrino (BA), líder na Câmara, e João Paulo Cunha (SP), candidato indicado pelo PT à presidência da Câmara.


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