São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004

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Crime revela o despreparo do Estado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A morte dos fiscais do Trabalho no último dia 28 de janeiro, em Unaí (noroeste de Minas Gerais), é um exemplo de como a máquina estatal não está preparada para se antecipar aos problemas. Todos os superiores dos três auditores julgavam que a situação na área estava calma.
Um ano antes da morte dos três auditores do Trabalho e do motorista durante fiscalização das condições de emprego no interior do Estado, um dos fiscais assassinados, Nelson José da Silva, relatou à subdelegacia de Paracatu (MG), que recebera ameaças de fazendeiros de Unaí (MG).
A partir daí, o caminho que a informação percorreu demonstra como a burocracia limita ações mais rápidas. De Paracatu, o relatório seguiu para a Delegacia Regional do Trabalho, em Belo Horizonte, que pediu parecer à consultoria jurídica.
A informação contida no relatório foi repassada também ao Ministério Público do Trabalho e ao Ministério do Trabalho. À PF foi solicitada a abertura de inquérito por "desacato", não por ameaça. "Nunca fui informado disso", disse Paulo Lacerda, diretor-geral da PF. Segundo a secretária de Inspeção do Trabalho, Ruth Vilela, embora a responsabilidade sobre este caso seja compartilhada, cabe às delegacias regionais acompanharem as fiscalizações de rotina e pedirem auxílio, quando for o caso, à PF.
O delegado regional do Trabalho de Minas, Carlos Calazans, disse ter "subestimado" o caso. "Para algumas ações subestimamos os empregadores. Não havia percebido a necessidade de que, para aquela ação, deveríamos ter requisitado auxílio policial."
Os reflexos da falta de verba da Polícia Federal chegam à Justiça. Na Paraíba, desde o final do ano passado, a Superintendência da PF está impedida pela Justiça Federal de enviar policiais para ações no interior ou em outros Estados sem efetuar os pagamentos das diárias (alimentação e hospedagem) antecipadamente.
"A decisão ocorreu em primeira instância. Antes, recebíamos o dinheiro cinco meses depois, sem juros", diz o vice-presidente do sindicatos dos policiais federais da Paraíba, Ronaldo Rocha. (EDS E ID)



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