São Paulo, quarta-feira, 08 de fevereiro de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Vaivém digital

E "o governo anuncia mais crédito para a casa própria", anunciou a Globo à tarde. "Pelos cálculos", para este ano eleitoral, R$ 18,7 bilhões. Tem mais:
- Estudo da indústria da construção mostra que o Estado mais rico tem o maior déficit habitacional... A Prefeitura de São Paulo oferece até ajuda, que pode chegar a R$ 5 mil, para quem voltar à cidade de origem.
 
Como destacou o blog de Fernando Rodrigues, no UOL, a cerimônia do pacote contou com a projeção de uma reportagem que foi ao ar no último dia 17 no "Jornal Nacional". Um trecho, acessado no site do telejornal:
- Em 2002, último ano do governo FHC, os recursos para habitação chegaram a R$ 5 bilhões. Em 2004, o governo Lula emprestou R$ 6,2 bilhões. Em 2005, o investimento em habitação foi recorde, R$ 9,2 bilhões. O ano de 2006 vai ser de mais um recorde.
Mais à frente, na reportagem:
- A prioridade continua sendo a população de baixa renda.
 
À tarde quase toda, ontem, na manchete do Globo Online:
- Habitação: mais crédito, menos imposto.
Já na Folha Online:
- Lula nega uso eleitoral ao lançar pacote da construção.
 
Mas veio a noite e, pelo jeito, Lula não devia ter usado a reportagem do "JN" na cerimônia.
No "JN" de ontem, a Globo mudou de tom e foi acintosamente crítica ao uso eleitoral. Nem destacou na escalada o grandioso plano de habitação.
Fez mais. Seguiu os exemplos da revista "IstoÉ" e da estatal TV Cultura e transmitiu longamente os ataques de FHC a Lula.
 
Para registro, como noticiou a Folha Online no início da noite, antes do "JN", o governo adiou para o mês que vem a decisão sobre o padrão de TV digital.

"UMA CALMA"

AP/BBC News/Reprodução
Soldados da ONU, liderados pelo Brasil, escoltam as urnas

Segundo o enviado da BBC, "não houve nada mais sério de violência das gangues". Segundo o blog do "Washington Post", "uma calma desceu sobre Port-au-Prince", a capital do Haiti.
Ao contrário do que prenunciou, entre outros, o "New York Times", nada de horror na eleição haitiana, ao menos até o fechamento da coluna. Mas o mesmo enviado da BBC se mostrou "impressionado com o tamanho das filas". Sinal de que os haitianos queriam votar, arriscou, mas também do atraso na abertura das urnas -aliás, efeito da distribuição das mesmas por mulas, não helicópteros, decisão tomada de última hora pela ameaça de furacão.
Na manchete do site do "NYT", então, "Haitianos lotam locais de votação na primeira eleição em seis anos". O pleito estava no alto dos sites do britânico "Financial Times" ao francês "Le Monde" e ao argentino "Clarín", para além dos canais de notícias. Do blog do "WP":
- O Haiti é um lugar espantoso, no sentido de que ele sempre surpreende até os observadores experientes.

Um e outro
Prosseguem os editoriais na controvérsia das charges sobre o profeta Muhammad, mas o jornal americano "San Francisco Chronicle" e o blogueiro de mídia Jim Romenesko foram atrás da opinião de quem faz, afinal.
O célebre Garry Trudeau, da tira "Doonesbury", garante que nunca faz "imagens do profeta":
- Nem vou usar [na tira] qualquer imagem que venha a fazer ironia com Jesus Cristo.
Já Ward Sutton, que desenha no "Village Voice", quer os dois:
- A liberdade de expressão é parte crucial de uma sociedade livre. Eu deveria ser capaz de fazer piada tanto com Muhammad quanto com Jesus Cristo.

Software livre
Microsoft e Mozilla estão em conflito aberto, no restrito clube dos navegadores (leia no caderno Informática). Mas o Brasil, pelo jeito, não quer mais entrar.
Na manchete do "Valor", anteontem, "Banco do Brasil desiste do software livre verde-amarelo". É o alardeado Freedows, esforço que "ruiu silenciosamente no semestre passado".
Mas, calma, é apenas um dos projetos para software livre. O resto continua. Aliás, sites como Carta Maior e Brasil de Fato vêm de anunciar adesão ao software livre para seus novos portais.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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