São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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Disputas locais desafiam PT e PMDB para acordo em 2010

Divergências se concentram em grandes colégios eleitorais, como São Paulo e Minas Gerais

Caberá à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), nome defendido por Lula para a Presidência, reduzir tensões em mais de dez Estados

LETÍCIA SANDER
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do clima de lua de mel entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula peemedebista, em mais de dez Estados a relação entre PT e PMDB está bem longe de ser classificada como harmoniosa.
As discórdias se concentram em importantes colégios eleitorais, como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia, que juntos têm cerca de 47% do total de 130,4 milhões de eleitores do país.
A dificuldade em montar palanques estaduais pode se transformar num dos principais empecilhos para a viabilização da coligação entre PT e PMDB nas eleições presidenciais de 2010. Para reduzir a ala dissidente do partido que hoje prega o afastamento do PT, a pré-candidata Dilma Rousseff (Casa Civil) terá de trabalhar para apagar alguns incêndios.
Na Bahia, PMDB e PT se distanciaram na eleição municipal do ano passado, num conflito que opôs o governador Jaques Wagner (PT) e o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e antecipou a disputa pelo governo do Estado, cargo almejado pelos dois. O racha pode ser evitado se Geddel ganhar o cargo de vice numa chapa de Dilma.

Dois palanques
Em Minas Gerais, onde as duas siglas estiveram juntas e perderam as eleições em 2006, o cenário também está indefinido. Dois petistas -o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel-, e o ministro do PMDB Hélio Costa (Comunicações) querem concorrer ao governo contra o PSDB de Aécio Neves, governador no segundo mandato.
A dificuldade de unir PT e PMDB em Minas Gerais, contudo, não é vista necessariamente como empecilho. Neste caso, Dilma poderia ter dois palanques no Estado.
A aproximação do PT com o PMDB de Jader Barbalho, no Pará, também está ameaçada. Jader conduziu a petista Ana Júlia Carepa ao governo do Estado em 2006, mas já há atritos entre as duas siglas. Prefeito de Ananindeua e filho de Jader, Helder Barbalho sonha em disputar o governo do Estado, mas a petista quer a reeleição.
No Paraná, o PMDB do governador Roberto Requião, hoje aliado de Lula e do PT, é cortejado pelo PSDB do prefeito de Curitiba, Beto Richa. Requião tentará se eleger ao Senado. Temendo dificuldades, estaria seduzido pela popularidade de Richa, eleito em 2008 com quase 70% de votos.
PT e PMDB seguem em campos opostos no Rio Grande do Sul. Hoje é dado como certo que o PT lançará candidato - o mais cotado é o ministro Tarso Genro (Justiça).
Já as discussões no PMDB por ora passam por dois caminhos, ambos longe dos petistas: ou apoiam a tentativa de reeleição da governadora Yeda Crusius (PSDB), ou lançam candidato próprio -o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, é um dos nomes.
Em Pernambuco, o impasse envolve o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um dos líderes da ala dissidente do PMDB, hoje crítica ao governo Lula. Os petistas devem apoiar a reeleição do governador Eduardo Campos (PSB) e o PMDB se articula para lançar um candidato próprio. No Mato Grosso, em Roraima e no Distrito Federal, os dois aliados nacionais não estiveram juntos nas últimas eleições para governador e o cenário tende a se repetir no próximo ano.
No maior colégio eleitoral do país, São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia está fechado com José Serra (PSDB). O PT almeja isolá-lo contando com o apoio de Michel Temer (PMDB-SP), eleito presidente da Câmara na semana passada com o apoio de Lula e do PT.
Sob a gestão Temer na presidência do PMDB, o partido foi contemplado com seis ministérios: Saúde, Integração Nacional, Agricultura, Defesa, Comunicações e Minas e Energia. Mas assim como corteja o PT, Temer mantém laços com os tucanos -é amigo pessoal de José Serra.
Santa Catarina é mais um exemplo. Lá, a senadora Ideli Salvatti (PT) deve sair candidata ao governo do Estado sem o apoio do PMDB, que pode ter candidato próprio ou apoiar o PSDB ou o DEM, partidos que hoje integram o governo de Luiz Henrique (PMDB).


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