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Disputas locais desafiam PT e PMDB para acordo em 2010
Divergências se concentram em grandes colégios eleitorais, como São Paulo e Minas Gerais
Caberá à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), nome defendido por Lula para a Presidência, reduzir tensões em mais de dez Estados
LETÍCIA SANDER
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do clima de lua de mel
entre o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e a cúpula peemedebista, em mais de dez Estados a relação entre PT e PMDB
está bem longe de ser classificada como harmoniosa.
As discórdias se concentram
em importantes colégios eleitorais, como São Paulo, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia, que juntos têm cerca de
47% do total de 130,4 milhões
de eleitores do país.
A dificuldade em montar palanques estaduais pode se
transformar num dos principais empecilhos para a viabilização da coligação entre PT e
PMDB nas eleições presidenciais de 2010. Para reduzir a ala
dissidente do partido que hoje
prega o afastamento do PT, a
pré-candidata Dilma Rousseff
(Casa Civil) terá de trabalhar
para apagar alguns incêndios.
Na Bahia, PMDB e PT se distanciaram na eleição municipal
do ano passado, num conflito
que opôs o governador Jaques
Wagner (PT) e o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e antecipou a disputa pelo governo do
Estado, cargo almejado pelos
dois. O racha pode ser evitado
se Geddel ganhar o cargo de vice numa chapa de Dilma.
Dois palanques
Em Minas Gerais, onde as
duas siglas estiveram juntas e
perderam as eleições em 2006,
o cenário também está indefinido. Dois petistas -o ministro
Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e o ex-prefeito de
Belo Horizonte Fernando Pimentel-, e o ministro do
PMDB Hélio Costa (Comunicações) querem concorrer ao
governo contra o PSDB de Aécio Neves, governador no segundo mandato.
A dificuldade de unir PT e
PMDB em Minas Gerais, contudo, não é vista necessariamente como empecilho. Neste
caso, Dilma poderia ter dois palanques no Estado.
A aproximação do PT com o
PMDB de Jader Barbalho, no
Pará, também está ameaçada.
Jader conduziu a petista Ana
Júlia Carepa ao governo do Estado em 2006, mas já há atritos
entre as duas siglas. Prefeito de
Ananindeua e filho de Jader,
Helder Barbalho sonha em disputar o governo do Estado, mas
a petista quer a reeleição.
No Paraná, o PMDB do governador Roberto Requião, hoje aliado de Lula e do PT, é cortejado pelo PSDB do prefeito de
Curitiba, Beto Richa. Requião
tentará se eleger ao Senado. Temendo dificuldades, estaria seduzido pela popularidade de
Richa, eleito em 2008 com quase 70% de votos.
PT e PMDB seguem em campos opostos no Rio Grande do
Sul. Hoje é dado como certo
que o PT lançará candidato - o
mais cotado é o ministro Tarso
Genro (Justiça).
Já as discussões no PMDB
por ora passam por dois caminhos, ambos longe dos petistas:
ou apoiam a tentativa de reeleição da governadora Yeda Crusius (PSDB), ou lançam candidato próprio -o prefeito de
Porto Alegre, José Fogaça, é um
dos nomes.
Em Pernambuco, o impasse
envolve o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um dos
líderes da ala dissidente do
PMDB, hoje crítica ao governo
Lula. Os petistas devem apoiar
a reeleição do governador
Eduardo Campos (PSB) e o
PMDB se articula para lançar
um candidato próprio. No Mato Grosso, em Roraima e no
Distrito Federal, os dois aliados
nacionais não estiveram juntos
nas últimas eleições para governador e o cenário tende a se
repetir no próximo ano.
No maior colégio eleitoral do
país, São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia está fechado com José Serra (PSDB). O
PT almeja isolá-lo contando
com o apoio de Michel Temer
(PMDB-SP), eleito presidente
da Câmara na semana passada
com o apoio de Lula e do PT.
Sob a gestão Temer na presidência do PMDB, o partido foi
contemplado com seis ministérios: Saúde, Integração Nacional, Agricultura, Defesa, Comunicações e Minas e Energia.
Mas assim como corteja o PT,
Temer mantém laços com os
tucanos -é amigo pessoal de
José Serra.
Santa Catarina é mais um
exemplo. Lá, a senadora Ideli
Salvatti (PT) deve sair candidata ao governo do Estado sem o
apoio do PMDB, que pode ter
candidato próprio ou apoiar o
PSDB ou o DEM, partidos que
hoje integram o governo de
Luiz Henrique (PMDB).
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