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DIREITOS HUMANOS
Ministro proporá mudanças no atual modelo
Comissão da ONU favorece EUA e prejudica Brasil, afirma Nilmário
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro Nilmário Miranda
(Direitos Humanos) afirmou ontem que o Brasil proporá ainda
neste mês mudanças na Comissão de Direitos Humanos da
ONU (Organização das Nações
Unidas) -mais especificamente,
na forma como são apresentadas
e aprovadas resoluções que condenam violações.
Hoje, disse Nilmário, as resoluções são apresentadas individualmente pelos países-membros para, em seguida, serem aprovadas
ou rejeitadas pela Organização
das Nações Unidas.
O ministro entende que isso termina por "politizar" as condenações, favorecendo os Estados Unidos e prejudicando os países do
Terceiro Mundo.
"Esses países [citados] são sempre do Terceiro Mundo. Há violações de direitos humanos em todos os países, sabemos que há.
Mas jamais vai aparecer uma resolução condenando os EUA por
Abu Ghraib [prisão em que iraquianos foram torturados] ou por
Guantánamo [prisão americana
em Cuba, onde os EUA mantêm
um campo de prisioneiros para
suspeitos de terrorismo]. Não é
justo que se discuta a violação de
direitos humanos em alguns países, e não em todos", declarou.
O Brasil proporá, na abertura
dos trabalhos da comissão, no
próximo dia 15, que um único relatório sobre violações em diversos países, elaborado pelo Alto
Comissário da ONU para os Direitos Humanos a partir do trabalho dos diferentes relatores da organização, seja apresentado.
Dessa forma, deixaria de existir
a possibilidade da apresentação
de propostas individuais dos países-membros.
As declarações foram feitas no
Rio, onde o ministro da Secretaria
Especial dos Direitos Humanos
anunciou a criação de uma comissão para organizar e centralizar informações sobre documentos relativos à ditadura militar
(leia texto ao lado).
Nilmário também criticou a
realização de relatório anual sobre violação de direitos humanos
no mundo pelo Departamento de
Estado americano.
Disse que, pelo terceiro ano
consecutivo, o Brasil se recusou a
receber o relatório dos EUA. "Não
reconhecemos o direito de um
país fiscalizar os outros", disse
Nilmário Miranda. "O Brasil não
faz relatório sobre país nenhum."
(RAFAEL CARIELLO)
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