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À TV, Silvio Pereira diz que sonhava com jipão
Ex-secretário-geral do PT, réu no processo do mensalão, afirma ao "Jornal Nacional" que aceitar Land Rover "foi grande erro"
Silvio vai a subprefeitura acertar serviço comunitário que prestará após acordo com a Justiça em troca da suspensão de seu processo
DA REDAÇÃO
O ex-secretário-geral do PT
Silvio Pereira falou ontem sobre o Land Rover que recebeu
de presente, em novembro de
2004, da empresa GDK. Segundo reportagem do "Jornal Nacional", Silvio disse a um diretor da empresa que tinha um
sonho de ter um "jipão, um jipe
importado".
Ontem, Silvio Pereira, réu no
mensalão, foi à Subprefeitura
do Butantã, em São Paulo, para
acertar quais serviços comunitários terá de prestar para cumprir o acordo que fez com a Justiça Federal no final de janeiro
deste ano. Em troca da suspensão do processo penal por três
anos, ele terá de cumprir condicionantes nesse período, como
a prestação de 750 horas de serviços comunitários. O processo
poderá ser retomado, caso Silvinho não cumpra alguma das
cláusulas do acordo.
Segundo a reportagem do
"Jornal Nacional", foram dois
os serviços propostos a Silvio.
De segunda a quarta, ele trabalharia no atendimento ao público na recepção do prédio da
subprefeitura. Nas quintas e
sextas, andaria pelo bairro para
identificar os problemas que a
população enfrenta.
Porém, só na próxima semana será definido o que ele irá fazer, já que ontem Silvio propôs
algo diferente. "Minha idéia é
fazer uma cozinha simples para
poder ensinar às crianças, às
mães das crianças carentes. E
[fazer] a horta comunitária para crianças", afirmou.
Sobre o carro recebido, Silvio
disse que foi apresentado a um
diretor da GDK, empresa que
tinha contrato com a Petrobras. Em uma das conversas,
regadas a uísque, segundo a reportagem, o ex-petista disse
que sonhava em ter um "jipão,
um jipe importado".
O diretor da GDK, segundo
Silvio, disse que a empresa tinha vários carros daquele tipo.
No encontro seguinte, o diretor
apareceu com o carro, disse Silvio. "O carro para mim foi um
grande erro. Já paguei por ele,
paguei caro demais", afirmou.
Pressionado à época do escândalo do mensalão, ele acabou devolvendo o carro em
2005 e pediu desfiliação do PT.
Silvio é acusado de ser o responsável pela distribuição de
cargos do segundo escalão no
governo Lula. Sobre o mensalão, ele repetiu ontem o que disse à imprensa no dia em assinou o acordo com a Justiça.
"Acho que tem uma responsabilidade minha sim. Fiz parte
da direção [do PT] e essa direção cometeu alguns erros políticos, e eu, como membro da direção, também sou responsável
por esses erros políticos. Acho
que a decisão está na medida
justa", afirmou ontem.
O ex-dirigente disse, no entanto, que os erros se referiam a
caixa dois. "O principal erro foi
ter entrado na vala comum, os
crimes eleitorais, né? Não deve
ter existido um único partido
político no Brasil, nem hoje,
que não tenha feito uso de instrumentos de caixa dois."
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