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"Buracos negros" na pesquisa guiam ação dos presidenciáveis
Pré-campanhas miram os segmentos do eleitorado em que Serra, Dilma e Marina vão mal para definir falas e agenda
Partidos preparam bateria
de viagens para abril e maio
para conter queda de votos em certas faixas e ampliar vantagem nos pontos fortes
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de levar o PSDB a assumir a pré-candidatura do governador de São Paulo, José
Serra, à Presidência da República, a última pesquisa Datafolha (dias 24 e 25 de fevereiro)
expôs fragilidades e potenciais
tanto do tucano, primeiro colocado, com 32% das intenções
de voto, quanto da pré-candidata do PT, ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), que está
na segunda posição, com 28%.
Coordenadores das pré-campanhas, incluindo a da senadora Marina Silva (PV) -8% no
Datafolha-, já preparam baterias de viagens dos pré-candidatos pelo país em abril e maio
e adequações dos discursos para reverter quedas registradas
em determinados segmentos
do eleitorado.
O deputado federal Ciro Gomes (PSB), que tem 11% na pesquisa, quer disputar a Presidência, mas sua candidatura
ainda não está assegurada.
Dilma teve rápida ascensão
entre os mais jovens, na faixa
de 0 a 5 salários mínimos e de
baixa escolaridade. Segundo
dados de janeiro do Tribunal
Superior Eleitoral, 41% do eleitorado têm entre 18 e 34 anos.
"Esperávamos que fosse
ocorrer esse fenômeno mais
perto das eleições. Achávamos
que o voto do jovem de baixa
renda e baixa escolaridade demoraria mais a vir", disse o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), coordenador da pré-campanha.
Para o petista, a pesquisa
capta mudanças de comportamento numa "eleição cibernética". Jovens de baixa renda,
acrescenta, hoje têm acesso à
internet e mais informação, o
que poderia explicar a antecipação do voto num segmento
antes pouco politizado.
Por outro lado, Dilma não angariou votos do eleitorado de
nível superior e despencou cinco pontos entre os que ganham
mais de dez salários mínimos.
Caravana tucana
Já Serra, em contrapartida,
atraiu volume significativo de
simpatizantes no mesmo período quando considerado o
eleitor que ganha mais de dez
salários mínimos (4% da amostra do Datafolha) e tem nível
superior (13% do total na pesquisa), mesmo sem admitir a
pré-candidatura até então.
O tucano, porém, perde votos
em todas as faixas etárias.
Para o deputado federal Luiz
Paulo Vellozo Lucas (PSDB-ES), um dos coordenadores da
campanha de Serra em 2002 e
que atualmente auxilia na preparação do programa de governo do tucano, "a ascensão de
Dilma já havia sido monitorada
por pesquisas do PSDB".
Serra deve organizar um tour
pelo país tendo como referência o projeto "E agora, Brasil? O
país que somos e o que queremos ser", desenvolvido pelo
Instituto Teotônio Vilela, com
PSDB, DEM e PPS, para discutir diretrizes do programa.
"Nossa mensagem será uma
só, mas saberemos o que fazer
para ela chegar a cada um dos
segmentos do eleitorado", disse
o deputado tucano.
Estabilidade verde
Dentro da estratégia de se
aproximar do eleitor de baixa
renda, a pré-candidata do PV
cresceu dois pontos desde dezembro entre os que ganham
até dois salários mínimos.
Segundo o vereador Alfredo
Sirkis (PV-RJ), coordenador
nacional da pré-campanha de
Marina Silva, há "três tribos"
que merecem atenção especial:
a classe média mais politizada,
a juventude e os mais pobres,
sobretudo as mulheres. "A estabilidade da Marina nesses
segmentos é animadora, já que
Dilma e Serra têm exposição
brutal. Ela será o "tertius" nesta
campanha em que as pessoas
vão se cansar da polarização."
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