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Congonhas exclui pista de obras de R$ 188 mi
Infraero investiu quantia milionária em reformas no aeroporto nos últimos três anos, mas não mexeu em área de pouso e decolagem
Agora, pista principal terá que passar por restauração emergencial, que deve custar R$ 17 milhões e ser realizada sem licitação
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) disponibilizou nos
últimos três anos cerca de R$
188 milhões para turbinar as
instalações do Aeroporto Internacional de Congonhas (SP)
e relegou a segundo plano a reforma da pista principal, que foi
recente alvo de alagamento. O
custo estimado para a recuperação da via é de R$ 17 milhões.
O desnível e o sistema ineficiente de drenagem encontrados na pista principal, que recebe 90% dos 230 mil pousos e
decolagens anuais, não condizem com a nova estrutura do
aeroporto, cuja área de embarque passou de 2.950 m2 para
9.400 m2. A de desembarque,
de 1.300 m2 para 5.250 m2.
O espaço ganhou ainda 12
pontes para entrada direta nos
aviões, seis escadas rolantes e
nova área para lojas, restaurantes e cafés. O estacionamento,
que antes tinha espaço para
1.250 automóveis, agora tem
capacidade para abrigar 3.400
veículos. As obras deverão ser
concluídas em 2008.
O fato de a estatal ter deixado
para um segundo momento a
reforma da pista levou o Ministério Público Federal a pedir a
interdição imediata da via. A
ação foi rejeitada pela Justiça,
que entendeu não ser o foro
correto para a discussão.
Hoje, a Infraero, que é investigada ainda pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) e pela
CGU (Controladoria Geral da
União), defende a aceleração
das obras e o início imediato da
reconstrução da via principal.
Sem concorrência
Como a reforma da pista não
foi planejada com antecedência, a Infraero entende que não
há tempo hábil para fazer uma
licitação antes de iniciar as
obras -procedimento exigido
de empresas públicas para buscar o menor preço no mercado,
que pode levar alguns meses.
Os opções estudadas pelo setor jurídico são contratação
emergencial -a estatal escolhe
diretamente uma empresa- ou
possível aditamento do contrato firmado entre a estatal e as
empreiteiras OAS, Camargo
Corrêa e Galvão, que ganharam
a concorrência em 2003 para
cuidar das obras de Congonhas.
A Controladoria Geral da
União investiga o uso do espaço
publicitário nos aeroportos, inclusive no de São Paulo.
O Ministério Público Federal
abriu um procedimento para
apurar a concessão de espaço a
comerciantes -a maior parte,
fruto de contratos antigos, não
passou por uma licitação.
O superintendente regional
da Infraero Sudeste, Edgard
Brandão Jr., 63, disse que a pista principal de Congonhas não
foi relegada a um segundo plano. Segundo ele, em 2003,
quando a licitação começou, a
via estava em boa condição de
operação. "Era a auxiliar que
precisava de uma reforma urgente", afirmou.
A idéia, disse, era recuperar a
auxiliar e, depois, a principal.
Porém, a reforma da pista menor ainda não foi concluída.
"Hoje a pista principal não
está mais [em boas condições],
precisa de uma reforma. A gente tem feito recapeamento, desemborrachamento, mas evidentemente ela precisa agora
de uma correção de nível."
Complexidade
Brandão Jr. disse que a reforma da pista principal terá início, se a diretoria da Infraero
concordar, assim que a auxiliar
for concluída, no final de abril
ou nas primeiras semanas de
maio. A maior parte dos vôos
destinados a Congonhas será
desviada para os aeroportos de
Cumbica (Guarulhos) e Viracopos (Campinas).
Sobre o atraso da obra, o superintendente regional disse
que é necessário considerar o
grau de complexidade do aeroporto. "Há várias restrições para reformar a pista principal de
Congonhas. Por exemplo, não
podemos fazer obras perto do
final de ano, por causa da alta
procura de vôos nos feriados,
nem em época de chuva, o que
reduz muito o prazo para poder
trabalhar", disse.
O superintendente regional
afirmou que todos comerciantes que operam hoje no aeroporto de Congonhas, e que não
passaram por uma licitação, terão em sair em 2008, quando os
espaços antigos serão disputados em concorrências públicas.
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