São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Posto da PF é alvo de protesto em Roraima

Manifestantes que resistem à retirada de não-índios de reserva ameaçam explodir carro-bomba e fecham acesso à Venezuela

Homem que tentou detonar o carro-bomba foi preso; agentes da PF começaram a chegar ao Estado na semana retrasada para a operação

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PACARAIMA

ANDREZZA TRAJANO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA

Em novo protesto contra a homologação da terra indígena Raposa/Serra do Sol (nordeste de Roraima), manifestantes atacaram ontem posto da Polícia Federal no município de Pacaraima (214 km de Boa Vista) -com coquetéis molotov e ameaça de uso de um carro-bomba- e fecharam a avenida de acesso à cidade venezuelana de Santa Elena do Uairen.
Agentes da PF começaram a chegar ao Estado na semana retrasada para a operação de retirada da população não-índia que ainda vive na área. Arrozeiros, comerciantes e parte dos índios são contrários à retirada.
Um homem identificado como indígena foi preso ontem ao tentar detonar um carro em frente ao posto da Polícia Federal com artefatos explosivos.
A 50 metros do posto da PF, 120 manifestantes fecharam a avenida Brasil, que dá acesso ao lado venezuelano da fronteira, ateando fogo em pneus e troncos de madeira. Um posto da Receita também foi invadido.
O protesto em Pacaraima provocou fechamento de escolas, do comércio e de órgãos públicos. Habitantes da cidade disseram que os manifestantes pediam, com carro de som, que os comerciantes fechassem suas portas. Adolescentes e crianças participaram do protesto, com os rostos pintados de verde de amarelo. Brasileiros e venezuelanos não conseguiram atravessar a fronteira com seus veículos. Policiais militares e soldados do Exército só observaram o movimento.
Dentro do carro que seria explodido, peritos da PF encontraram dinamites e 36 coquetéis molotov. "Era o suficiente para explodir o carro e fazer um estrago no posto da PF", disse o delegado Leonardo Tavares.
"Classifico como um atentado terrorista contra o posto da PF", completou o delegado, que partiu de Boa Vista com cerca de 15 agentes para dar reforço ao posto de fronteira.
A tentativa de explosão do carro, um monza sem placa, aconteceu por volta das 13h30. No vidro do carro havia a frase "Nosso prefeito está de volta", em referência ao ex-prefeito Paulo Cesar Quartiero, que é líder dos arrozeiros e que teve o mandato cassado, mas ganhou recurso na Justiça Eleitoral.
Um funcionário da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) testemunhou a tentativa de explosão do carro.
"O indígena parou o carro na frente da PF e depois saiu correndo", disse Maycon da Silva.
No sábado, reportagem da Folha mostrou que um grupo contrário à operação da PF detinha artefatos explosivos com os quais prometia resistir à ação. A PF investiga se há relação do protesto com esse grupo.
Ontem, ao fechar a fronteira, os manifestantes tiveram apoio de pequena parte da população. O casal Téia Mota e Airton Vieira se apresentava como líderes do movimento. "A PF esta fazendo um grande mal à nossa população", disse Téia Mota.


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