São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Presidente tenta, mas não consegue pacificar tucanos e pefelistas

Um dia após jantar com FHC, PFL pede renúncia de Serra

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso não conseguiu pacificar PSDB e PFL, apesar de reunir as cúpulas partidárias em jantar no Palácio da Alvorada anteontem à noite.
Em nota divulgada ontem, o presidente do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), recomendou a renúncia do pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, comparando-o ao socialista Lionel Jospin, ex-primeiro-ministro da França que não conseguiu ir para o segundo turno das eleições.
As razões da derrota, segundo Bornhausen, foram dificuldades de agregar politicamente e de se comunicar com o eleitorado, problemas que aponta em Serra.
Por sua vez, o presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP), considerou a nota ""excessiva" e não condizente com o tom do encontro do Alvorada, do qual teria saído com ""expectativa de uma reaproximação" com o PFL. Em nota divulgada posteriormente à do PFL, Aníbal disse que a candidatura de Serra não está ""sujeita a contestações ou ultimatos".
Mas tucanos e pefelistas ao menos têm uma opinião em comum: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem chances de ganhar a eleição, hipótese que foi tratada com preocupação no encontro do Alvorada.
Sobre a nota pefelista que pede a renúncia de Serra, segundo tucanos envolvidos na campanha, o que o PFL quer, de fato, é a vaga de vice na chapa, prometida ao PMDB. Os pefelistas negam.
O senador José Jorge (PE), vice-presidente do PFL e um dos presentes ao jantar de FHC, afirmou que o partido não iria reivindicar essa vaga nem num eventual acordo em torno de outra candidatura. Segundo José Jorge, o presidente fez um claro apelo para que o PFL voltasse à base governista. Argumentou que, sem o apoio do PFL, teria dificuldades nesse fim de governo, principalmente para aprovar propostas do seu interesse no Congresso.
O presidente pediu a colaboração do PFL para a aprovação rápida da prorrogação da CPMF, o imposto do cheque, no Senado. Bornhausen reafirmou posição de independência do partido em relação ao governo, esclarecendo que isso não significa oposição, mas que o partido analisará cada proposta e votará a favor do que considerar de "interesse do país".



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