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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Presidente tenta, mas não consegue pacificar tucanos e pefelistas
Um dia após jantar com FHC, PFL pede renúncia de Serra
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso não conseguiu pacificar PSDB e PFL, apesar de reunir
as cúpulas partidárias em jantar
no Palácio da Alvorada anteontem à noite.
Em nota divulgada ontem, o
presidente do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), recomendou a renúncia do pré-candidato tucano à Presidência,
José Serra, comparando-o ao socialista Lionel Jospin, ex-primeiro-ministro da França que não
conseguiu ir para o segundo turno das eleições.
As razões da derrota, segundo
Bornhausen, foram dificuldades
de agregar politicamente e de se
comunicar com o eleitorado, problemas que aponta em Serra.
Por sua vez, o presidente do
PSDB, deputado José Aníbal (SP),
considerou a nota ""excessiva" e
não condizente com o tom do encontro do Alvorada, do qual teria
saído com ""expectativa de uma
reaproximação" com o PFL. Em
nota divulgada posteriormente à
do PFL, Aníbal disse que a candidatura de Serra não está ""sujeita a
contestações ou ultimatos".
Mas tucanos e pefelistas ao menos têm uma opinião em comum:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem
chances de ganhar a eleição, hipótese que foi tratada com preocupação no encontro do Alvorada.
Sobre a nota pefelista que pede a
renúncia de Serra, segundo tucanos envolvidos na campanha, o
que o PFL quer, de fato, é a vaga
de vice na chapa, prometida ao
PMDB. Os pefelistas negam.
O senador José Jorge (PE), vice-presidente do PFL e um dos presentes ao jantar de FHC, afirmou
que o partido não iria reivindicar
essa vaga nem num eventual
acordo em torno de outra candidatura. Segundo José Jorge, o presidente fez um claro apelo para
que o PFL voltasse à base governista. Argumentou que, sem o
apoio do PFL, teria dificuldades
nesse fim de governo, principalmente para aprovar propostas do
seu interesse no Congresso.
O presidente pediu a colaboração do PFL para a aprovação rápida da prorrogação da CPMF, o
imposto do cheque, no Senado.
Bornhausen reafirmou posição
de independência do partido em
relação ao governo, esclarecendo
que isso não significa oposição,
mas que o partido analisará cada
proposta e votará a favor do que
considerar de "interesse do país".
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