RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa operação coordenada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, PSDB e PMDB abortaram ontem a mais recente tentativa do PFL para trocar o senador José Serra por outro candidato tucano à Presidência.
"A candidatura do senador [...] não está sujeita a contestações ou ultimatos", diz nota do PSDB, lida por José Aníbal (SP), presidente da sigla, ao lado do presidente do PMDB, Michel Temer (SP).
Minutos antes, em almoço no apartamento de Aníbal, os dois partidos decidiram acelerar a formalização da coligação entre PSDB e PMDB e anunciaram para a semana que vem a divulgação do nome do candidato a vice-presidente na chapa de Serra.
Até agora, o nome mais falado é o do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), mas o PMDB analisa outras alternativas e pode surpreender com uma nova opção que está sendo discutida em segredo nas duas legendas. Até lá, ambas esperam resolver pendências que perduram entre as siglas no Pará, Sergipe e Mato Grosso.
A menos que haja denúncia diretamente contra o tucano, o que o PSDB não considera ser o caso das acusações contra Ricardo Sérgio de Oliveira, a substituição de Serra está fora de questão.
Uma avaliação puramente eleitoral move os tucanos: pesquisas em poder do PSDB indicam que Serra é o único nome dos partidos que integram a atual coligação governista com chances de enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em outubro. Por um único motivo: sua passagem pelo Ministério da Saúde, que tornou seu nome conhecido em todo o país.
José Aníbal responsabilizou o PFL pelo adiantamento do calendário eleitoral por haver antecipado o lançamento da candidatura da ex-governadora Roseana Sarney (PFL-MA). Segundo Aníbal, PSDB e PFL já estão acertados para as eleições em 15 Estados.
Ontem, em São Paulo, José Serra disse que a nota emitida pelo PFL, requerendo sua substituição, representa uma estratégia do partido para se "cacifar". "É estratégia de cacife partidário, um lance de natureza partidária, de acordo com o que eles identificam ser de interesse do PFL. Apenas isso".