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REFORMAS
Para obter apoio dos congressistas, presidente prefere negociar com Estados do que dar agora ministério a peemedebistas
Ministério ao PMDB opõe Lula e Dirceu
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estratégia para aprovar as reformas previdenciária e tributária
divide a cúpula do governo. O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeita dar logo um ministério
ao PMDB e insiste em priorizar a
negociação com os governadores
para pressionar a Câmara, onde
tramitam os projetos.
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) quer compor já com o
PMDB para não depender muito
dos governadores.
Nas últimas reuniões da cúpula
do governo, pensou-se em romper com o PDT de Leonel Brizola,
para tirar Miro Teixeira das Comunicações e dar a pasta ao
PMDB. A outra saída discutida: tirar um ministro petista.
Lula resistiu às duas alternativas
por vários motivos. Gosta de Miro
e avalia que ele atua bem política e
tecnicamente. Também deu à nomeação do pedetista caráter mais
de cota pessoal do que de cota
partidária. Acha complicado simplesmente tirar um petista em tão
pouco tempo de governo. E a
mais importante: teme entregar
um ministério ao PMDB e continuar a depender do varejo parlamentar, já que o partido é o mais
dividido da política brasileira.
Apoiado por ministros como
Antonio Palocci Filho (Fazenda) e
Luiz Gushiken (Comunicação de
Governo), Dirceu julga fundamental levar o PMDB para o primeiro escalão. Ainda que tivesse
de negociar pesado no varejo (dar
verbas e cargos a caciques e parlamentares sem intermediação institucional), o preço seria menor.
O PMDB tem 68 deputados.
Hoje, Dirceu conta, no máximo,
com 30 votos certos, apesar do esforço pró-governo do líder do
PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE). Com um ministério,
esse número poderia ficar entre
45 e 55 votos na Câmara, crêem
Dirceu e os líderes do governo na
Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Por pragmatismo, um caminho
para atrair o PMDB seria deixar
piorar de vez as relações de Lula
com Brizola e o PDT, partido que
tem 16 deputados federais e que,
na prática, está na oposição.
Miro seria compensado com
outro posto importante e teria a
desculpa ideal para sair: contrário
à cobrança previdenciária de 11%
dos servidores aposentados que
ganham mais de R$ 1.058, o ministro alegaria motivo de consciência para entregar o cargo.
Demitir um petista seria mais
fácil, tirando alguém que concorrerá a prefeito no ano que vem.
Até ontem, a posição de Lula era
segurar Miro desde que ele não
assuma publicamente ser contra a
cobrança dos inativos, não demitir um petista e dar uma pasta ao
PMDB na reforma ministerial
prevista para dezembro.
Lula avalia que dar um ministério ao PMDB antes de votar as reformas traria desgaste na mídia,
com a interpretação de pura barganha.
Os articuladores políticos
acham que essa interpretação
ocorrerá com ministério antes ou
depois de votadas as reformas. O
Planalto quer votar as propostas
na Câmara até outubro.
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