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BAHIAGATE
Decisão é protesto contra desfecho do caso ACM; Jefferson Péres e Geraldo Mesquita renunciam a vagas no conselho
PT propõe extinção do Conselho de Ética
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após o plenário do Senado recusar o pedido de abertura
de processo por quebra de decoro
contra o senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), o líder do
PT, Tião Viana (AC), apresentou
projeto de resolução extinguindo
o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa, por considerar
suas decisões "inócuas".
Em outra forma de protesto, os
senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e Geraldo Mesquita Júnior
(PSB-AC) renunciaram às suas
vagas no conselho. Mesquita foi
relator da investigação do suposto
envolvimento de ACM nos grampos telefônicos da Bahia e autor
do parecer que recomendou a
cassação do seu mandato. O parecer foi rejeitado pela Mesa Diretora -o presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), é aliado de
ACM. O plenário, por 49 votos a
25, manteve a decisão da Mesa.
"Não queremos ser partícipes
de uma encenação nem usar o
conselho como tribuna. Falarão
por nós nossa cadeira vazia", disse Péres ao anunciar sua decisão.
Mesquita, por sua vez, preferiu
não comentar. "Passei a borracha.
Sobre o Conselho de Ética, não falo mais nada", afirmou.
Heloísa Helena (PT-AL) disse
que irá propor à Executiva Nacional do PT, em reunião na segunda, que o partido faça representação à Mesa do Senado pedindo
abertura de processo de cassação
contra ACM com base em um fato
novo: o indiciamento do pefelista
pelo Ministério Público.
Mas o próprio líder do PT considera o caso perdido. "Temos
que reconhecer que fomos derrotados", disse. Segundo Viana, a
decisão do plenário deixou claro
que a Mesa Diretora é a instância
superior na decisão sobre abertura de processo disciplinar contra
um senador e, portanto, as deliberações do conselho são "inócuas".
"O juízo de valor sobre condutas incompatíveis com o decoro
parlamentar cabe à Mesa Diretora, e isso não cabe mais discutir.
Manter o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, nessas circunstâncias, é perseverar no exercício
da hipocrisia e do cretinismo parlamentar", disse Viana. A proposta, agora, será submetida à tramitação, com início na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
O vice-presidente do conselho,
Demóstenes Torres (PFL-GO),
que votou contra a abertura de
processo contra ACM e foi voto
vencido, acha que a decisão do colegiado deveria ser respeitada.
"Independentemente do voto que
demos, acabamos fazendo papel
de palhaço", disse.
Ele também pretende apresentar projeto de resolução, mas para
modificar os procedimentos do
conselho e não acabar com ele.
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