São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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Instabilidade resultou no golpe de 64, diz Serra

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM DIVINÓPOLIS (MG)

O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou ontem que a tomada do poder pelos militares em 1964 só foi possível graças à instabilidade econômica e política na época, somada à atuação do presidente deposto João Goulart (1961-1964).
O presidenciável referia-se à inflação como a responsável pela instabilidade econômica e ao populismo como causa da insegurança política. A afirmação foi feita durante palestra na UniFMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), em São Paulo.
O tucano negou que estivesse traçando um paralelo entre a situação brasileira atual e a que culminou com o regime militar (1964-1985). Disse que o risco político não existe mais, mas que a instabilidade econômica pode voltar de acordo com a atuação do próximo governo.
Entusiastas da candidatura tucana tentam colar a imagem de adversários de Serra na corrida ao Planalto à instabilidade do mercado nos últimos dias e à possibilidade de o Brasil passar por problemas como os da Argentina -país que atravessa grave crise econômica e social.
O presidenciável definiu o que é populismo: despreocupação com o equilíbrio entre receita e despesa e desprezo pela estabilidade. Afirmou que a economia brasileira tem princípios sólidos e que o nervosismo do mercado era "injustificável".
Como política "exacerbadamente populista", Serra também apontou a que foi realizada por Salvador Allende (1970-1973), presidente chileno que foi derrubado por um golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet. "[Política" causou inflação e desabastecimento", disse.

Em Minas
Durante o dia, em Minas Gerais, o pré-candidato tucano viveu de perto a crise do PSDB estadual ao fazer campanha na cidade de Divinópolis. Em público, manteve sempre o discurso otimista, sem, no entanto, querer dar palpites. Disse que "é um aluno" quando o assunto é a política mineira.
O PSDB mineiro vive uma crise incomum. Há dois meses, o presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, e o ex-governador Eduardo Azeredo disputavam quem seria o candidato ao governo.
Hoje, os dois fazem um jogo de empurra e querem disputar o Senado, ameaçando deixar Serra sem palanque no segundo colégio eleitoral do país.
"São dois candidatos muito fortes. Estaremos bem com uma das duas candidaturas", disse ele.



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