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Instabilidade resultou no golpe de 64, diz Serra
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM DIVINÓPOLIS (MG)
O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou ontem que a tomada do poder pelos
militares em 1964 só foi possível
graças à instabilidade econômica
e política na época, somada à
atuação do presidente deposto
João Goulart (1961-1964).
O presidenciável referia-se à inflação como a responsável pela
instabilidade econômica e ao populismo como causa da insegurança política. A afirmação foi feita durante palestra na UniFMU
(Faculdades Metropolitanas Unidas), em São Paulo.
O tucano negou que estivesse
traçando um paralelo entre a situação brasileira atual e a que culminou com o regime militar
(1964-1985). Disse que o risco político não existe mais, mas que a
instabilidade econômica pode
voltar de acordo com a atuação do
próximo governo.
Entusiastas da candidatura tucana tentam colar a imagem de
adversários de Serra na corrida ao
Planalto à instabilidade do mercado nos últimos dias e à possibilidade de o Brasil passar por problemas como os da Argentina
-país que atravessa grave crise
econômica e social.
O presidenciável definiu o que é
populismo: despreocupação com
o equilíbrio entre receita e despesa e desprezo pela estabilidade.
Afirmou que a economia brasileira tem princípios sólidos e que o
nervosismo do mercado era "injustificável".
Como política "exacerbadamente populista", Serra também
apontou a que foi realizada por
Salvador Allende (1970-1973),
presidente chileno que foi derrubado por um golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet. "[Política" causou inflação e desabastecimento", disse.
Em Minas
Durante o dia, em Minas Gerais,
o pré-candidato tucano viveu de
perto a crise do PSDB estadual ao
fazer campanha na cidade de Divinópolis. Em público, manteve
sempre o discurso otimista, sem,
no entanto, querer dar palpites.
Disse que "é um aluno" quando o
assunto é a política mineira.
O PSDB mineiro vive uma crise
incomum. Há dois meses, o presidente da Câmara dos Deputados,
Aécio Neves, e o ex-governador
Eduardo Azeredo disputavam
quem seria o candidato ao governo.
Hoje, os dois fazem um jogo de
empurra e querem disputar o Senado, ameaçando deixar Serra
sem palanque no segundo colégio
eleitoral do país.
"São dois candidatos muito fortes. Estaremos bem com uma das
duas candidaturas", disse ele.
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