São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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Limite de aparição na TV beneficia tucano

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, tinha tudo preparado para aparecer e falar nos comerciais de televisão do PMDB, no ar desde anteontem. Teve de desistir, diante da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) segundo a qual somente filiados podem participar de horário de rádio e TV partidário.
Na realidade, Serra nem sequer perdeu o material de rádio e TV já produzidos. Pode reutilizá-los quando começar a propaganda eleitoral gratuita, em meados de agosto, após o registro da chapa PSDB-PMDB. A decisão do TSE foi uma vitória para os tucanos.
Ela simplesmente impede que Ciro Gomes (PPS), um de seus principais adversários, utilize 80 minutos que os partidos aliados a ele (PTB e PDT) dispõem na TV até o final do mês. O PSDB não terá mais horário partidário.
Os filmes com a participação de Serra e da candidata a vice, Rita Camata (PMDB-ES), já estavam prontos. Mas o tucano decidiu não correr o risco calculado a que Ciro se submeteu ao aparecer no programa do PDT, nesta semana.
A resposta dada pelo TSE a uma consulta anteriormente feita pelo PSDB já delineava os contornos da posição que os ministros adotaram na sessão de anteontem.
Ainda assim, há duas semanas, o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, resolveu repetir a consulta ao TSE. Desta vez, de forma bem mais detalhada.
Nada havia a perder: se o TSE abrisse uma brecha, Serra ocuparia o tempo de TV peemedebista; caso contrário, teria munição jurídica para usar mais tarde, se julgar politicamente conveniente.
Por enquanto, segundo o presidente do PSDB, José Aníbal, não é intenção da legenda pedir a impugnação de Ciro por sua participação disfarçada no horário do PDT ou de Anthony Garotinho (PSB), que recorreu ao mesmo expediente em horários de outros partidos na TV, no início do ano. O tribunal abriu uma única exceção para a aparição de um candidato no programa de outra sigla: se ele aparecer em filme de evento da legenda detentora do horário. Não foi o caso de Ciro, que gravou em estúdio sua participação no programa do PDT.
O simples fato de deixar Ciro sem os 80 minutos de TV de que ainda dispõem o PTB e o PDT já é considerado uma vitória para os tucanos. A polarização da campanha entre Serra e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já estaria ocorrendo naturalmente, segundo crê o PSDB. Mas tucanos e peemedebistas ainda vão analisar o que pode significar eleitoralmente a saída de um ou de outro do páreo.


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