São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Marqueteiro de Lula defende investimento de governos em comunicação; PC do B anuncia apoio a petista

Para Duda, "atitude" importa mais que obra

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O publicitário responsável pela campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Duda Mendonça, disse ontem que as "atitudes" de um governante importam mais que as obras que realizou e defendeu o investimento em comunicação por parte de administradores públicos.
"A admiração da população você não consegue com obras, consegue com atitudes. Tem prefeito que não tem dinheiro para fazer obras, mas consegue altos índices de aprovação, porque tem atitudes firmes", disse ele em debate na Urbis 2002, congresso sobre gestão pública promovido pela Prefeitura de São Paulo.
A declaração de Duda vai no sentido contrário de algumas de suas mais célebres peças políticas. Antes de virar o marqueteiro petista, ele fez campanhas para Paulo Maluf (PPB) e seu então pupilo, Celso Pitta (PSL).
Um dos filmes que marcaram a campanha de Maluf para o governo do Estado em 1998 mostrava uma sequência de obras com o bordão "Maluf que fez". Na campanha de Pitta para prefeito de São Paulo em 1996, celebrizaram-se as peças sobre o Fura-Fila, modalidade de transporte coletivo que nunca saiu do papel.
"Às pessoas, importa mais um ato de solidariedade do governante, como visitar uma favela que pegou fogo", disse. "Ninguém quer saber se um viaduto custou US$ 50 milhões ou US$ 100 milhões", afirmou.
Para Duda, investir em propaganda é "certo e democrático". "Quando você tem um projeto grande e o jogo é pesado, você tem de usar os instrumentos e as regras disponíveis no mercado."
Segundo o publicitário, é preciso informar à população a respeito das realizações do governo. "Você tem que anunciar que fez, que resolveu", declarou.
Duda, além de coordenar a propaganda da campanha de Lula, está envolvido também na comunicação de algumas das vitrines do PT, caso da Prefeitura de São Paulo e do governo do Rio.
Em sua fala, o marqueteiro declarou ficar contrariado quando dizem que ele está "mudando Lula". A mais recente propaganda petista na TV, de fundo fortemente emocional, procurou mostrar o pré-candidato mais "humano", de modo a ajudar na redução de seus índices de rejeição.
"Fico bravo quando diz que estou mudando o Lula. O Lula na TV nunca foi tão Lula", disse.

Apoio
O PC do B anuncia na semana que vem seu apoio formal à pré-candidatura de Lula. Será provavelmente um dos únicos apoios oficiais de partidos que o petista receberá.
Na terça-feira, o PL promete finalmente dizer se haverá ou não coligação com os petistas, indicando o senador José Alencar (MG) para vice. Diferenças regionais entre, no entanto, tornam a possibilidade remota -apoio informal é o mais provável.
Já a hipótese de ter o apoio oficial do PMDB é vista como irreal dentro do próprio PT, enquanto aliados naturais à esquerda, como PPS, PDT e PSB devem manter apoio a outros nomes. O PT, depois de assegurar a coligação com os comunistas, busca apoio de nanicos, como PCB, PMN e PV.
Os comunistas têm dez deputados federais, e contribuiriam com tempo de TV. Também poderão entrar na disputa para indicar o vice de Lula. A legenda ofereceria os deputados Aldo Rebelo (SP) e Jandira Feghali (RJ), mas diz que o apoio independe da aceitação.



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