São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Presidenciável diz que diplomatas são incompetentes e que há tráfico de influência em banco estatal

Garotinho ataca BNDES, mídia e Itamaraty

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, disse ontem em palestra na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), para cerca de 200 empresários, que há tráfico de influência no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e que o Itamaraty é incompetente para conduzir a política de comércio exterior do país.
O ex-governador do Rio disse ainda que parte da imprensa (mencionou a Rede Globo) está direcionando a cobertura da campanha eleitoral a favor do tucano José Serra. "A eleição no Brasil está visivelmente viciada", disse.
Segundo Garotinho, o Itamaraty não tem "preparo nem estrutura" para conduzir a política nacional de comércio exterior e que, se eleito, delegará essa função a empresários: "Essas pessoas [os diplomatas" nunca venderam uma empada e representam o Brasil numa rodada de comércio exterior. A atuação deles é muito ruim, muito fraca, e a prova disso é o desempenho do Brasil na sua balança comercial. No meu governo, o Itamaraty vai cuidar de fazer festa, que é o papel dele".
Ele citou as negociações para a implantação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), prevista para 2005. O governo dos EUA, segundo ele, conta com o apoio de 400 empresários para negociar a Alca, enquanto o Brasil tem apenas um grupo de diplomatas "que não entendem absolutamente nada do assunto".
Garotinho afirmou que a burocracia do BNDES favorece o tráfico de influência na liberação de linhas de crédito a empresas que desejam investir no setor produtivo no país: "Ai de um dos senhores empresários aqui presentes se não tiver um amigo muito poderoso dentro do BNDES, porque não conseguirá aprovar nada".
A cobertura da campanha eleitoral pela imprensa, segundo ele, não é isenta. Garotinho disse que contratou uma empresa para medir a centimetragem das reportagens publicadas nos grandes jornais do país. O trabalho mostra que, em alguns jornais, Serra tem o dobro do espaço dele, de Ciro Gomes (PPS) e de Lula (PT).
"Há um cerco visivelmente montado contra a minha candidatura. Eu falo uma coisa, eles editam e sai outra coisa", disse, referindo-se à Rede Globo.
Disse que os jornalistas Alexandre Garcia, da Globo, e Míriam Leitão, de "O Globo", estão contra sua candidatura: "Essa senhorita Míriam Leitão só escreve a favor do governo. Nisso ela é melhor do que o Armínio Fraga [presidente do Banco Central", porque o governo já está ficando com vergonha de mentir tanto. Até o candidato deles está saindo fora".
Os comentários de Garotinho constrangeram a platéia. O mediador, jornalista George Vidor, rechaçou as críticas do ex-governador, ao dizer que o leitor tem livre arbítrio na escolha da informação. "Mas o jornalista deve ter sempre o compromisso com a verdade", cortou Garotinho.
Cobrou voto dos empresários porque, além de ser candidato do Rio, "Estado que vem sendo discriminado há muito tempo", atendeu todas as reivindicações da Firjan quando governador.
Se eleito, Garotinho disse que fará um governo suprapartidário e que acabará com o "capital-motel", que "passa a noite aqui e vai embora no dia seguinte". Ele também atacou Lula (PT), que não teria experiência administrativa.
"Não estou falando experiência de vida, que a gente consegue viajando de pau de arara, chorando ou perdendo filho, mas de experiência administrativa", disse, ironizando o programa de TV do PT.



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