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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Presidenciável diz que diplomatas são incompetentes e que há tráfico de influência em banco estatal
Garotinho ataca BNDES, mídia e Itamaraty
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, disse ontem em
palestra na Firjan (Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), para cerca de 200 empresários, que há tráfico de influência
no BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) e que o Itamaraty é incompetente para conduzir a política
de comércio exterior do país.
O ex-governador do Rio disse
ainda que parte da imprensa
(mencionou a Rede Globo) está
direcionando a cobertura da campanha eleitoral a favor do tucano
José Serra. "A eleição no Brasil está visivelmente viciada", disse.
Segundo Garotinho, o Itamaraty não tem "preparo nem estrutura" para conduzir a política nacional de comércio exterior e que,
se eleito, delegará essa função a
empresários: "Essas pessoas [os
diplomatas" nunca venderam
uma empada e representam o
Brasil numa rodada de comércio
exterior. A atuação deles é muito
ruim, muito fraca, e a prova disso
é o desempenho do Brasil na sua
balança comercial. No meu governo, o Itamaraty vai cuidar de
fazer festa, que é o papel dele".
Ele citou as negociações para a
implantação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), prevista para 2005. O governo dos
EUA, segundo ele, conta com o
apoio de 400 empresários para
negociar a Alca, enquanto o Brasil
tem apenas um grupo de diplomatas "que não entendem absolutamente nada do assunto".
Garotinho afirmou que a burocracia do BNDES favorece o tráfico de influência na liberação de linhas de crédito a empresas que
desejam investir no setor produtivo no país: "Ai de um dos senhores empresários aqui presentes se
não tiver um amigo muito poderoso dentro do BNDES, porque
não conseguirá aprovar nada".
A cobertura da campanha eleitoral pela imprensa, segundo ele,
não é isenta. Garotinho disse que
contratou uma empresa para medir a centimetragem das reportagens publicadas nos grandes jornais do país. O trabalho mostra
que, em alguns jornais, Serra tem
o dobro do espaço dele, de Ciro
Gomes (PPS) e de Lula (PT).
"Há um cerco visivelmente
montado contra a minha candidatura. Eu falo uma coisa, eles
editam e sai outra coisa", disse, referindo-se à Rede Globo.
Disse que os jornalistas Alexandre Garcia, da Globo, e Míriam
Leitão, de "O Globo", estão contra
sua candidatura: "Essa senhorita
Míriam Leitão só escreve a favor
do governo. Nisso ela é melhor do
que o Armínio Fraga [presidente
do Banco Central", porque o governo já está ficando com vergonha de mentir tanto. Até o candidato deles está saindo fora".
Os comentários de Garotinho
constrangeram a platéia. O mediador, jornalista George Vidor,
rechaçou as críticas do ex-governador, ao dizer que o leitor tem livre arbítrio na escolha da informação. "Mas o jornalista deve ter
sempre o compromisso com a
verdade", cortou Garotinho.
Cobrou voto dos empresários
porque, além de ser candidato do
Rio, "Estado que vem sendo discriminado há muito tempo",
atendeu todas as reivindicações
da Firjan quando governador.
Se eleito, Garotinho disse que
fará um governo suprapartidário
e que acabará com o "capital-motel", que "passa a noite aqui e vai
embora no dia seguinte". Ele também atacou Lula (PT), que não teria experiência administrativa.
"Não estou falando experiência
de vida, que a gente consegue viajando de pau de arara, chorando
ou perdendo filho, mas de experiência administrativa", disse, ironizando o programa de TV do PT.
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