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CASO JERSEY
Representante do ex-prefeito ingressou com recursos para tentar impedir envio de dados sobre movimentações bancárias
Suíça dará ao Brasil informações sobre contas de Maluf
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
As autoridades suíças já decidiram que irão enviar ao Brasil todas as informações disponíveis
em Genebra sobre movimentações bancárias do ex-prefeito
Paulo Maluf e de familiares dele.
Em agosto de 2001, o governo
da Suíça informou ao Brasil que
Maluf abriu uma conta no Citibank de Genebra em julho de
1985 e, em 1997, a transferiu para
o mesmo banco em Jersey, um
paraíso fiscal no canal da Mancha.
Maluf afirma que ele e seus familiares jamais tiveram contas ou
quaisquer aplicações financeiras
no exterior (leia texto ao lado).
Desde que tomaram conhecimento do documento oficial enviado pela Suíça sobre as contas
de Maluf naquele país, as autoridades brasileiras tentam obter cópia das informações sobre as movimentações bancárias feitas por
Maluf e familiares dele na Suíça.
As informações estão no dossiê
número 11087/01. Em quase 400
páginas, o processo reúne os dados obtidos pelo Ministério Público da Suíça, que apreendeu documentos bancários do ex-prefeito
Paulo Maluf e de familiares dele
no Citibank da cidade.
Em 25 de fevereiro, o Escritório
Federal de Justiça da Suíça, em
Berna, enviou ao Brasil uma resposta aos quatro pedidos de cooperação internacional, feitos pelo
Ministério Público do Estado de
São Paulo e pelo Ministério Público Federal em São Paulo.
As autoridades suíças pediram
que o Brasil elegesse apenas um
interlocutor e enviasse um só pedido sobre o caso de Maluf. Além
disso, os suíços pediram informações sobre o superfaturamento
dos preços cobrados pelas empreiteiras OAS, CBPO e Mendes
Júnior na construção do túnel
Ayrton Senna e da avenida Água
Espraiada, obras viárias realizadas na gestão de Maluf.
Os procuradores Denise Abade
e Pedro Barbosa Neto, do Ministério Público Federal, e o promotor Silvio Marques, do Ministério
Público do Estado de São Paulo,
receberam o documento em 21 de
março e levaram quase um mês
para traduzir dezenas de documentos para o francês.
Os procuradores da República
reafirmam, no ofício enviado à
Suíça, que Maluf é suspeito de lavagem de dinheiro.
Decisão
Ao receberem os documentos
da embaixada brasileira, os técnicos do Escritório Federal de Justiça da Suíça fizeram uma detida
análise da correspondência, para
verificar se ela estava dentro dos
padrões estabelecidos pelo país.
Todas as vezes que o Brasil pediu informações à Suíça, os pedidos foram barrados pelo escritório por causa de falhas formais.
Desta vez, contudo, o ofício brasileiro foi aprovado e agora está em
Genebra, nas mãos do juiz de instrução Claude-François Wenger,
que cuida do caso de Maluf.
Wenger irá enviar ao Brasil os
papéis bancários sobre Maluf, segundo a Folha apurou.
A reportagem apurou que o escritório Schellenberg Wittmer,
que representa Maluf na investigação de Genebra, ingressou com
recursos para tentar impedir o envio de informações ao Brasil.
Os advogados de Maluf em São
Paulo, depois de terem tentado
impedir o envio dos documentos
à Suíça, agora trabalham para
conseguir decisões judiciais que
possam convencer as autoridades
suíças a não mandar os documentos ao Brasil.
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