São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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CASO JERSEY

Representante do ex-prefeito ingressou com recursos para tentar impedir envio de dados sobre movimentações bancárias

Suíça dará ao Brasil informações sobre contas de Maluf

ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

As autoridades suíças já decidiram que irão enviar ao Brasil todas as informações disponíveis em Genebra sobre movimentações bancárias do ex-prefeito Paulo Maluf e de familiares dele.
Em agosto de 2001, o governo da Suíça informou ao Brasil que Maluf abriu uma conta no Citibank de Genebra em julho de 1985 e, em 1997, a transferiu para o mesmo banco em Jersey, um paraíso fiscal no canal da Mancha.
Maluf afirma que ele e seus familiares jamais tiveram contas ou quaisquer aplicações financeiras no exterior (leia texto ao lado).
Desde que tomaram conhecimento do documento oficial enviado pela Suíça sobre as contas de Maluf naquele país, as autoridades brasileiras tentam obter cópia das informações sobre as movimentações bancárias feitas por Maluf e familiares dele na Suíça.
As informações estão no dossiê número 11087/01. Em quase 400 páginas, o processo reúne os dados obtidos pelo Ministério Público da Suíça, que apreendeu documentos bancários do ex-prefeito Paulo Maluf e de familiares dele no Citibank da cidade.
Em 25 de fevereiro, o Escritório Federal de Justiça da Suíça, em Berna, enviou ao Brasil uma resposta aos quatro pedidos de cooperação internacional, feitos pelo Ministério Público do Estado de São Paulo e pelo Ministério Público Federal em São Paulo.
As autoridades suíças pediram que o Brasil elegesse apenas um interlocutor e enviasse um só pedido sobre o caso de Maluf. Além disso, os suíços pediram informações sobre o superfaturamento dos preços cobrados pelas empreiteiras OAS, CBPO e Mendes Júnior na construção do túnel Ayrton Senna e da avenida Água Espraiada, obras viárias realizadas na gestão de Maluf.
Os procuradores Denise Abade e Pedro Barbosa Neto, do Ministério Público Federal, e o promotor Silvio Marques, do Ministério Público do Estado de São Paulo, receberam o documento em 21 de março e levaram quase um mês para traduzir dezenas de documentos para o francês.
Os procuradores da República reafirmam, no ofício enviado à Suíça, que Maluf é suspeito de lavagem de dinheiro.

Decisão
Ao receberem os documentos da embaixada brasileira, os técnicos do Escritório Federal de Justiça da Suíça fizeram uma detida análise da correspondência, para verificar se ela estava dentro dos padrões estabelecidos pelo país.
Todas as vezes que o Brasil pediu informações à Suíça, os pedidos foram barrados pelo escritório por causa de falhas formais. Desta vez, contudo, o ofício brasileiro foi aprovado e agora está em Genebra, nas mãos do juiz de instrução Claude-François Wenger, que cuida do caso de Maluf.
Wenger irá enviar ao Brasil os papéis bancários sobre Maluf, segundo a Folha apurou.
A reportagem apurou que o escritório Schellenberg Wittmer, que representa Maluf na investigação de Genebra, ingressou com recursos para tentar impedir o envio de informações ao Brasil.
Os advogados de Maluf em São Paulo, depois de terem tentado impedir o envio dos documentos à Suíça, agora trabalham para conseguir decisões judiciais que possam convencer as autoridades suíças a não mandar os documentos ao Brasil.


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