São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / REGRAS DO JOGO

Engessamento já ameaça aliança entre PFL e PSDB

Tucanos e pefelistas adiam convenções e dizem que medida "zerou" união nos Estados

Alckmin afirma que haverá "estresse" nos próximos dias; no PFL, posições vão do rompimento com PSDB e coligação formal com PMDB


SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) colocou sob ameaça a aliança presidencial entre PSDB e o PFL. Sob pressão dos que defendem o rompimento da coligação para que o partido se componha com o PMDB nos Estados, a cúpula do PFL adiou em uma semana- de 14 para 21 de junho- a data da convenção que confirmaria o senador José Jorge (PE) como vice de Geraldo Alckmin.
Hoje, na reunião da Executiva, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), fará um balanço dos palanques nos Estados para avaliar a conveniência da manutenção da aliança. Segundo o líder do partido na Câmara, Rodrigo Maia, a "disposição é trabalhar pela aliança".
Mas já há quem defenda um convite ao ex-governador Jarbas Vasconcelos (PE). Querem que ele seja candidato à Presidência, dando ao PMDB a cadeira que hoje é de Alckmin. Outros pregam a ruptura com os tucanos. "Acho que o PFL deveria sair solteiro", disse a deputada Kátia Abreu (TO).
Após uma série de reuniões, os presidentes do PSDB e do PFL, senadores Tasso Jereissati (CE) e Bornhausen, anunciaram que vão esperar as respostas de novas consultas feitas ao TSE para anunciar se a aliança segue ou não em pé.
"Não adianta a gente decidir nada agora sem a interpretação correta. A verdade é que fizeram um terremoto que eu acho realmente preocupante", afirmou Tasso. Questionado sobre o risco de romper a aliança, disse: "São regras completamente diferentes e tudo pode acontecer, mas mantemos a intenção de continuarmos juntos".
Antes do encontro com Bornhausen, Tasso afirmou que as novas regras "zeram tudo" no mapa dos Estados e que o PSDB não anunciará o nome do vice na convenção nacional do partido, agendada para o próximo domingo. A convenção encarregará a Executiva do PSDB de deliberar sobre a composição da chapa. "Que deixou em completo desarranjo e zerou as alianças, isso é fato", disse.
Surpreendida, a cúpula do PFL levou quatro questionamentos ao presidente do tribunal, Marco Aurélio Mello, sobre cenários estaduais. Ouviu quatro negativas e, em seguida, decidiu adiar em uma semana sua convenção nacional, que passará do dia 14 para o dia 21.
"Vamos levar as respostas às bases nos Estados e vamos começar a recolocar as peças em um novo quebra-cabeças. Qualquer que seja a decisão, mudam-se as regras dos quadros nos Estados e as alianças estão praticamente zeradas", disse o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN).
Nos bastidores, deputados pefelistas e lideranças como a senadora Rosena Sarney (PFL-MA), que têm problemas regionais para se aliarem aos tucanos, pressionavam para que o partido abandonasse Alckmin.

Alckmin
Em Brasília, Alckmin começou o dia confuso, telefonou seguidas vezes para assessores jurídicos e ex-ministros do tribunal, mas dizia acreditar que as alterações "acabariam ajudando a atrair o PPS" para a coligação. À tarde, depois de cinco horas de reuniões, mudou o discurso e admitiu a preocupação: "Acho que vai ter um estresse nos próximos dias".
"Não está muito clara a extensão da decisão, vamos aguardar a publicação do acórdão para poder analisar até que ponto há restrições às alianças estaduais", disse Alckmin.


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