|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Outro lado
Renúncia fiscal evita exportação do fumo, diz RS
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O governo do Rio Grande
do Sul defende os incentivos
fiscais à indústria do cigarro
como política para evitar a
exportação do tabaco, matéria-prima produzida no Estado, e alega que não é possível cumprir a curto prazo os
tratados internacionais que
limitam a produção de fumo.
"Por que o Rio Grande do
Sul dá incentivo para indústrias de cigarro? O Estado
tem uma produção tremenda de fumo e não é racional
exportar a matéria-prima",
defende o secretário-adjunto
de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais do Estado, Josué Barbosa.
Em algumas regiões, como
Santa Cruz do Sul e Venâncio
Aires, a economia é pesadamente dependente do fumo.
Nestes locais estão concentrados 95 mil pequenos agricultores que colheram no
ano passado 360 mil toneladas (48% da produção brasileira de tabaco).
Confrontado com o fato de
que Estados que não dão benefícios fiscais obtêm receitas maiores com a indústria
de cigarro, Barbosa nega que
o fisco gaúcho perca com renúncia de impostos como a
concedida à Souza Cruz.
Segundo o secretário-adjunto, a lógica do Fundopem
é abater parte dos impostos
que o Estado não receberia
se os investimentos não fossem realizados.
"A cada R$ 100 de imposto
novo a empresa pode abater
R$ 18 do investimento que
ela já fez. Não é um empréstimo que se dá na frente.
Quanto mais imposto ela gerar, mais rápido ela recebe o
incentivo", disse.
O secretário não considera
exagerado o incentivo de
R$ 150 milhões para a gráfica
que vai gerar 250 empregos.
Segundo ele, a gráfica faz
parte de um conjunto de investimentos maiores.
"Se analisar a gráfica separadamente, parece pouco
emprego, mas o incentivo foi
dado para uma empresa que
montou uma indústria e
também uma gráfica e um
data-center. Juntos, são milhares de empregos. O incentivo é absolutamente válido."
Para ele, os benefícios fiscais gaúchos não ferem tratados internacionais porque
começaram a ser concedidos
em 1997 e apenas no ano passado o Brasil se comprometeu a não incentivar a indústria de cigarros.
Souza Cruz
A Souza Cruz declarou por
meio de nota cumprir as metas estabelecidas pelo governo gaúcho para ter direito
aos incentivos fiscais.
A empresa afirma que
"além de empregos, as empresas têm que cumprir outras exigências como o aumento da geração de imposto, ações para a melhoria da
qualidade ambiental e desenvolvimento tecnológico".
Colaborou MARIO CESAR CARVALHO, da Reportagem Local
Texto Anterior: Yeda dá R$ 150 mi de incentivo à Souza Cruz Próximo Texto: Governador da PB já trocou 4.000 cargos comissionados Índice
|