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JUSTIÇA
Thomaz Bastos acredita que controle externo vai inibir erros grosseiros ou interferência de interesses particulares em decisões
Ministro comemora "fiscalização de juízes"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, comemorou ontem a aprovação da reforma do
Judiciário com uma advertência:
"Estão criadas as condições para
que os juízes saibam que estão
sendo fiscalizados no cumprimento de seu dever funcional".
Defensor há décadas do controle externo do Judiciário, o ministro fez questão de acrescentar: "E,
quando falo de dever funcional,
falo no seu sentido mais amplo".
Ou seja: ele acha que a criação
do Conselho Nacional de Justiça,
apesar de não prever questionamento ao mérito das sentenças,
inibirá naturalmente erros grosseiros ou interferência de interesses dos juízes em suas decisões.
"Hoje é um dia de gala para a
história do Brasil", afirmou, lembrando que a batalha pela aprovação do conselho tem 18 anos e que
o projeto de reforma tramita há 12
no Congresso. Segundo o ministro, "o grande derrotado de hoje
[ontem] foi o mau juiz, e os grandes vitoriosos foram o bom juiz, a
magistratura e a cidadania".
Ele disse, porém, que a aprovação "não é o ponto de chegada,
mas o de partida", porque haverá
novos embates para promover
mudanças no Poder Judiciário e
na aprovação de projetos que "desobstruam os gargalos do processo civil e do processo penal".
A primeira vez em que a questão foi discutida seriamente foi,
segundo ele, numa assembléia da
Ordem dos Advogados do Brasil,
em Belém, em 1986. Seis anos depois, o então deputado Hélio Bicudo, do PT paulista, apresentou
o projeto original na Câmara.
Thomaz Bastos articulou por
um ano e meio a aprovação da reforma no Senado. Nesse percurso,
perdeu seu chefe de gabinete, o
antigo amigo Sérgio Sérvulo, que
era contra a súmula vinculante, e
tentou convencer ministros dos
tribunais superiores para a importância do controle externo.
Durante todo o ano passado, o
ministro também manteve contato periódico com o presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP),
e com parlamentares da base governista na Casa, ainda menos
coesa que a base na Câmara.
No início deste ano, Thomaz
Bastos decidiu dar mais velocidade às negociações, permitindo a
inclusão da súmula vinculante no
texto, o que agrada aos ministros
dos tribunais superiores, mas foi
mantido como um tipo de carta
na manga para angariar o apoio
dos tribunais na reta final.
De acordo com esse mecanismo, os juízes das instâncias inferiores devem seguir o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre os assuntos por
ele analisados. No dia 30 de abril,
Sérvulo pediu demissão do ministério por discordar da medida.
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