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ESCANDÂLO DO "MENSALÃO"/ REFORMA
Ministro, um dos mais próximos do presidente, coloca o cargo à disposição de Lula
Sob suspeita, Gushiken perde força e deve deixar o governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão
Estratégica) colocou anteontem o
cargo à disposição do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em conversa na Granja do Torto.
Segundo assessores de sua pasta, Gushiken fez ontem uma reunião com auxiliares para dizer
que sairia do governo. Em outras
conversas, o ministro disse que a
decisão está nas mãos de Lula. Se
depender da vontade de familiares, ele deixará o cargo.
Foi um desgastado Gushiken
quem tomou a iniciativa de pedir
a reunião com Lula. Disse estar
debaixo de um bombardeio, devido a reportagens a respeito de
uma empresa da qual foi sócio
(Globalprev, que assistiu a um salto no faturamento desde que o ex-associado migrou para Brasília),
do aumento da publicidade da revista de um cunhado e de sua influência em fundos de pensão.
Afirmou ainda que, na hora em
que Lula faz uma reforma em resposta à crise política, não quer ser
gerador de fatos negativos.
Confiança
O ministro disse a Lula que nunca influenciou eventuais contratos de sua ex-empresa com entidades públicas ou privadas e que
não teve responsabilidade no aumento de publicidade na revista
de um cunhado. Já sua influência
em fundos de pensão é um fato.
O presidente reiterou a confiança no ministro. Ambos avaliaram
que o banqueiro Daniel Dantas,
cujos interesses em fundos de
pensão foram combatidos por
Gushiken, estaria alimentando
um lobby no Senado para enfraquecê-lo e rearticular seus interesses com o governo.
Na conversa, foram apontados
como aliados de Dantas os senadores Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), César Borges (PFL-BA) e Heráclito Fortes (PFL-PI).
Desde a campanha de 2002,
Gushiken barra o contato de Dantas com a cúpula do governo. Ele
também minou o poder do banqueiro em fundos de pensão.
Dantas fez pontes com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu,
dinamitadas por Gushiken.
Gushiken chegou a ser espionado por uma empresa (a Kroll),
por orientação do Banco Opportunity, de Dantas.
Se se confirmar a saída, Lula
perderá outro influente ministro
após o afastamento de Dirceu da
Casa Civil. Ao lado de Dirceu e do
ministro da Fazenda, Antonio Palocci, Gushiken é um poderoso
auxiliar de Lula desde a campanha de 2002.
Nas discussões do governo,
quase sempre se alinhou a Palocci
-os dois foram trotsquistas e radicais do PT nos primórdios do
partido. Teve choques de bastidor
com Dirceu.
No início do governo Lula, os
três (Gushiken, Dirceu e Palocci)
integravam o chamado "núcleo
duro" do governo, ouvido por Lula para a tomada de decisões.
Amigo do presidente, Gushiken
é um dos poucos auxiliares que
têm conversas francas com Lula,
nas quais deixa claro eventuais
discordâncias.
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