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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ REFORMA
Publicitário trabalhou para o governo federal até junho de 2004; ao sair, assumiu cargo na agência de Marcos Valério de Souza
Ex-diretor da Secom vira diretor da SMPB
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um ex-assessor do ministro
Luiz Gushiken foi contratado em
2004 para ser diretor nacional de
mídia da SMPB, agência de publicidade que tem como um de seus
sócios Marcos Valério de Souza,
acusado de ser um dos operadores do suposto "mensalão".
O publicitário Alarico Naves
Assumpção, 32, de Uberlândia
(MG), foi contratado como assessor da Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão
Estratégica da Presidência da República) em 15 de agosto de 2003,
segundo o "Diário Oficial" da
União. Foi alocado na diretoria de
mídia. Sua exoneração, assinada
por Gushiken "a pedido", foi publicada em 30 de junho de 2004. A
partir daí, ingressou na SMPB.
A diretoria de mídia da Secom é
um dos organismos mais poderosos dessa pasta. É ali que são supervisionadas todas as campanhas publicitárias do governo federal, tanto da administração direta como da indireta. Essa diretoria também coordena o comitê
de negociação de preços de veiculação de anúncios com os grandes
órgãos de comunicação.
A administração de Luiz Inácio
Lula da Silva gastou R$ 867,1 milhões no ano passado com propaganda. Se forem somados os custos de produção, patrocínio e publicidade legal (balanços, editais
etc.), o valor sobe para algo em
torno de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,3 bilhão -o número exato não é divulgado, apesar de a Folha ter solicitado a informação à Secom
desde o início do governo.
Alarico Naves Assumpção foi
por quase um ano um dos quatro
assessores da diretoria de mídia
da Secom e tratou da coordenação de campanhas estatais federais. Na SMPB, foi fazer a mesma
coisa que fazia na Secom.
Passagem pela DNA
O grupo de mídia de uma empresa estatal é sempre formado
por profissionais contratados pelas agências licitadas -em geral,
três. Enquanto esteve no Banco
do Brasil, de 1998 a 2003, Alarico
Naves Assumpção teve seu salário
pago por duas agências. Primeiro,
a Master, empresa conhecida de
Curitiba (PR). Depois, pela DNA
-outra agência que tem em seu
quadro societário o empresário
Marcos Valério de Souza.
Algumas dessas informações
passaram a circular por Brasília
nesta semana, dentro do âmbito
da CPI dos Correios. Parte dos dados, entretanto, foram fornecidos
pelo próprio Alarico à Folha. O
publicitário se diz "perfeitamente
tranqüilo", pois afirma nem ter
conhecido Marcos Valério.
A rigor, não há irregularidade
no fato de um profissional do
mercado publicitário entrar para
o governo, e, em seguida, voltar
ao mercado. O que chama a atenção nesse caso é a coincidência de
Alarico ter trabalhado recebendo
salário de uma agência de Marcos
Valério (a DNA), depois ter passado pela Secom, e, agora, estar
novamente em uma empresa (a
SMPB) do empresário que é o pivô do escândalo do "mensalão".
No dia 16 de junho, a Folha já
havia revelado outro fato correlato. Telma dos Reis Menezes Silva,
mulher do diretor de eventos da
Secom, atua em Brasília defendendo interesses de Marcos Valério em contratos com órgãos públicos e empresas privadas.
Ela é publicitária e casada com
Marco Antônio da Silva. É "contato" da Multi Action Entretenimentos -a empresa pertence a
Marcos Valério. O diretor da Secom disse não haver conflito de
interesse entre sua função no governo e o trabalho de sua mulher.
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