São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ REFORMA

Presidente também planeja condensar outras pastas e cortar parte dos 21 mil cargos de confiança existentes hoje na administração

Lula deverá fundir pastas e cacifar Ciro

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá fundir as pastas da Integração Nacional e das Cidades e nomear Ciro Gomes para o novo ministério, que se chamaria apenas Infra-Estrutura. Olívio Dutra, atual ministro das Cidades, ocuparia um cargo na Executiva Nacional do PT -provavelmente a Secretaria Geral. Ele tem trânsito junto à esquerda do partido e é amigo do presidente Lula.
Lula também cortará parte dos 21 mil cargos de confiança do governo -o mais provável é uma redução para apenas 4.500 postos no prazo de seis a oito meses. No cenário mais moderado, Lula cortaria a metade dos 21 mil.
Essas medidas deverão ser anunciadas hoje por Lula, dia em que pretende fechar a reforma e dar posse a três novos ministros indicados pelo PMDB. É forte a possibilidade de Jaques Wagner (Conselhão) assumir a Secretaria Geral, hoje chefiada por Dulci.
Na viagem à Escócia, da qual retorna hoje, Lula convidou Wagner para ser o novo coordenador político. Ele assumiria a Secretaria Geral e incorporaria à pasta o Conselhão e a Secretaria de Coordenação Política, que será extinta.
Aldo Rebelo deixará a Coordenação Política. Ontem, era mais provável que assumisse o Trabalho no lugar de Ricardo Berzoini, que voltará ao mandato de deputado federal. Havia, porém, defensores da ida de Aldo para a Defesa, pois o vice-presidente José Alencar não esconde de ninguém que deseja deixar essa pasta.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, ainda não havia desistido de achar um empresário para a Previdência. A sondagem a Abílio Diniz, que fracassou por compromissos dele com seu grupo, era para a Previdência.
Se Palocci não encontrar o empresário, há possibilidade de que um técnico da área da Previdência assuma a pasta ou até mesmo um colaborador do ministro da Fazenda, como o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, ou o secretário-executivo da pasta, Murilo Portugal. Até o ex-assessor de Palocci Marcos Lisboa é lembrado.
Lula deseja tirar a Previdência da cota política. Quer nomear alguém que dê um sinal claro de que fará uma gestão técnica para combater fraudes e reduzir o rombo previdenciário. Romero Jucá (PMDB-RR) já foi avisado de que deixará a Previdência.
"O presidente fará uma reforma que vai enxugar o número de ministérios e reduzir os cargos de confiança", disse ontem o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Ao cortar cargos de confiança, Lula busca criar um fato positivo em resposta à crise.
Hoje estão preenchidos pouco mais de 19 mil dos 21 mil cargos. Conselheiros do presidente defendem um corte radical, que reduza esses postos a 4.500.
Lula pretende ainda fundir a secretaria especial da Pesca, do petista José Fritsch, à Agricultura. Se for confirmada a saída do ministro Luiz Gushiken da Secom, sua pasta poderá ser fundida a outra ou perder o status de ministério.
O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, deverá deixar a estatal para concorrer a senador. Lula mudará outras estatais.


Texto Anterior: TCU fará auditoria em 27 órgãos públicos envolvidos em corrupção
Próximo Texto: Novo senador tem débito com a Previdência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.