São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2005

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Bastos vê risco de atropelo em apuração

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou ontem no Congresso Nacional que a atual crise no país "pode ser diferente" e "ter uma qualidade" se não se restringir ao "julgamento político" dos acusados. Segundo ele, muitas vezes há a "tentação de atropelar" as investigações.
"Acredito que, com a investigação ampla e profunda que a Polícia Federal está fazendo e com o trabalho que esperamos que venha a ser realizado pelo Poder Judiciário, possamos tirar dessa crise a punição dos culpados e a absolvição dos inocentes, sempre dentro do Estado de Direito, porque, nesse momento, existe muitas vezes a tentação de atropelar."
Thomaz Bastos participou ontem da cerimônia de promulgação do referendo do desarmamento, que determina a realização de uma consulta popular sobre a comercialização de armas de fogo no país. A promulgação do decreto foi realizada no gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com a presença do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
Durante o evento, Severino pediu ao ministro punição "não só para aqueles que usam armas mas aos que dilapidaram o patrimônio do país". O deputado disse ainda que "quando se quer fazer a coisa, se faz" e que é preciso "consertar o país e punir os culpados".
O ministro respondeu às declarações de Severino em entrevista, no final do evento, afirmando que "essa crise que o país está vivenciando pode ser uma crise diferente e ter uma qualidade, que é a punição ou a absolvição de todos os acusados".
"O que tem acontecido em outros ensejos da história é que se fez simplesmente o julgamento político. Alguns deputados são cassados, a corrupção é cassada, mas não tem havido o julgamento judicial das questões", disse, anunciando "uma mudança de patamar no lidar das questões de corrupção".
Thomaz Bastos ainda pediu "paciência" ao comentar a evolução dos trabalhos da Polícia Federal na apuração das denúncias de corrupção. "O tempo da PF -até porque é mais cuidadosa- é diferente do tempo da imprensa. A PF tem de produzir provas e isso às vezes demora um pouco mais e impacienta as pessoas", disse.
Previsto no Estatuto do Desarmamento, o referendo será feito para saber se a população concorda com a proibição à venda de armas. O projeto foi aprovado anteontem na Câmara.
Após ser promulgado, o decreto segue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que preparará a votação. A pergunta em 23 de outubro será: "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?".


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