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Valério movimenta R$ 46 mi em 5 anos
MARTA SALOMON
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal informou à
CPI dos Correios que as contas
bancárias pessoais do publicitário
Marcos Valério Fernandes de
Souza e de sua mulher, Renilda,
movimentaram R$ 46 milhões de
2000 a junho de 2005.
Seis das empresas controladas
por Valério movimentaram no
mesmo período R$ 1,66 bilhão.
A equipe técnica da CPI, que
passou a madrugada de ontem
analisando os documentos da Receita, detectou pelo menos um
movimento suspeito: R$ 2,4 milhões foram depositados em julho
de 2004 na conta do banco BMG
de uma das empresas de Valério,
a Graffiti Participações, controladora da DNA Propaganda.
De acordo com relatos de parlamentares que tiveram acesso aos
documentos guardados numa sala-cofre do Senado, a operação
não foi registrada no Imposto de
Renda da empresa e não tem origem identificada.
O valor da operação investigada
pela CPI é o mesmo do empréstimo contraído pelo PT no banco
BMG com aval de Marcos Valério
em fevereiro de 2003.
Pessoa física
Em números absolutos, o melhor desempenho nas contas de
pessoa física do casal Souza ocorreu no ano de 2003, o primeiro
sob Luiz Inácio Lula da Silva,
quando Valério e Renilda movimentaram R$ 18,4 milhões, quase
o dobro do ano anterior.
O maior crescimento relativo
ocorreu no ano eleitoral de 2002.
Mais do que triplicou a movimentação nas contas, saltando de R$ 3
milhões para R$ 9,8 milhões.
Os números são uma estimativa
feita pela Receita com base na
CPMF (Contribuição Permanente sobre a Movimentação Financeira) paga sobre as movimentações registradas em sete bancos
diferentes (BankBoston, Banco
do Brasil, Citibank, Alfa, Banco
Rural, Bradesco e BCN). Das sete
instituições, o BankBoston registrou a maior movimentação.
A documentação entregue pela
Receita só ontem começou a ser
analisada pelos parlamentares,
após autorização do presidente da
CPI, Delcídio Amaral (PT-MS).
A comissão enumerou, até ontem, 72 conjuntos de documentos
sob sigilo. Além das movimentações financeiras, estão em poder
da comissão as cópias das declarações de Imposto de Renda de
Marcos Valério, Renilda, e de parte das empresas das quais ele é sócio (DNA, SMPB, Estratégica
Marketing e Promoção, Graffiti
Participações e MultiAction). O
material também foi encaminhado pela Receita Federal.
Entre os documentos sigilosos
na CPI estão quatro relatórios do
Coaf (incluindo uma cópia enviada pelo órgão, após o desaparecimento do primeiro documento).
Um desses relatórios teve diversos trechos censurados pelo Coaf.
A decisão foi tomada, segundo
explicações enviadas pelo Coaf à
comissão, porque diversos nomes
citados não eram alvos de pedidos
de quebra de sigilos.
Pelo menos duas páginas inteiras foram censuradas.
Um dos trechos encobertos por
tarjas pretas registra as transferências de R$ 902 mil para conta
bancária do procurador da Fazenda Nacional Glênio Guedes.
Contudo, a decisão do Coaf não
atingiu outras 13 pessoas que aparecem como responsáveis por saques nas contas das empresas de
publicidade de Marcos Valério.
Os nomes completos dos sacadores ficaram livres das tarjas.
Colaborou VERA MAGALHÃES, do Painel, em Brasília
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