São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2005

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Valério movimenta R$ 46 mi em 5 anos

MARTA SALOMON
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Receita Federal informou à CPI dos Correios que as contas bancárias pessoais do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza e de sua mulher, Renilda, movimentaram R$ 46 milhões de 2000 a junho de 2005.
Seis das empresas controladas por Valério movimentaram no mesmo período R$ 1,66 bilhão.
A equipe técnica da CPI, que passou a madrugada de ontem analisando os documentos da Receita, detectou pelo menos um movimento suspeito: R$ 2,4 milhões foram depositados em julho de 2004 na conta do banco BMG de uma das empresas de Valério, a Graffiti Participações, controladora da DNA Propaganda.
De acordo com relatos de parlamentares que tiveram acesso aos documentos guardados numa sala-cofre do Senado, a operação não foi registrada no Imposto de Renda da empresa e não tem origem identificada.
O valor da operação investigada pela CPI é o mesmo do empréstimo contraído pelo PT no banco BMG com aval de Marcos Valério em fevereiro de 2003.

Pessoa física
Em números absolutos, o melhor desempenho nas contas de pessoa física do casal Souza ocorreu no ano de 2003, o primeiro sob Luiz Inácio Lula da Silva, quando Valério e Renilda movimentaram R$ 18,4 milhões, quase o dobro do ano anterior.
O maior crescimento relativo ocorreu no ano eleitoral de 2002. Mais do que triplicou a movimentação nas contas, saltando de R$ 3 milhões para R$ 9,8 milhões.
Os números são uma estimativa feita pela Receita com base na CPMF (Contribuição Permanente sobre a Movimentação Financeira) paga sobre as movimentações registradas em sete bancos diferentes (BankBoston, Banco do Brasil, Citibank, Alfa, Banco Rural, Bradesco e BCN). Das sete instituições, o BankBoston registrou a maior movimentação.
A documentação entregue pela Receita só ontem começou a ser analisada pelos parlamentares, após autorização do presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS).
A comissão enumerou, até ontem, 72 conjuntos de documentos sob sigilo. Além das movimentações financeiras, estão em poder da comissão as cópias das declarações de Imposto de Renda de Marcos Valério, Renilda, e de parte das empresas das quais ele é sócio (DNA, SMPB, Estratégica Marketing e Promoção, Graffiti Participações e MultiAction). O material também foi encaminhado pela Receita Federal.
Entre os documentos sigilosos na CPI estão quatro relatórios do Coaf (incluindo uma cópia enviada pelo órgão, após o desaparecimento do primeiro documento). Um desses relatórios teve diversos trechos censurados pelo Coaf. A decisão foi tomada, segundo explicações enviadas pelo Coaf à comissão, porque diversos nomes citados não eram alvos de pedidos de quebra de sigilos.
Pelo menos duas páginas inteiras foram censuradas.
Um dos trechos encobertos por tarjas pretas registra as transferências de R$ 902 mil para conta bancária do procurador da Fazenda Nacional Glênio Guedes.
Contudo, a decisão do Coaf não atingiu outras 13 pessoas que aparecem como responsáveis por saques nas contas das empresas de publicidade de Marcos Valério. Os nomes completos dos sacadores ficaram livres das tarjas.


Colaborou VERA MAGALHÃES, do Painel, em Brasília

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