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Diretoria do Banco Rural é denunciada
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O Ministério Público Federal
em Belo Horizonte ofereceu ontem denúncia à Justiça Federal
por gestão fraudulenta de instituição financeira e formação de quadrilha contra quatro diretores à
época das supostas irregularidades e mais dois gerentes do setor
de câmbio do Banco Rural. A Procuradoria, a Polícia Federal e o
Banco Central investigaram por
seis anos as remessas de dinheiro
do Rural para o exterior.
A Procuradoria identificou três
práticas suspeitas entre 1995 e
2000. Em uma delas, que se deu
entre 1996 e 2000, as investigações
já apontaram fraudes de US$ 192
milhões (R$ 460 milhões) entre os
US$ 4,8 bilhões enviados pelo Rural para fora do país no período.
Em outra prática irregular, são
mais R$ 430 milhões identificados. Há ainda uma terceira operação rastreada pelo BC que o procurador Rodrigo Leite Prado disse ser um "valor altíssimo". O Ministério Público Federal ainda
não fez a soma nesse caso.
O Rural é o banco onde o publicitário Marcos Valério de Souza,
apontado como o operador do
suposto "mensalão", sacou das
contas da SMPB e DNA R$ 20,9
milhões em espécie, de julho de
2003 a maio passado.
A denúncia oferecida envolve
José Roberto Salgado, atual vice-presidente do Rural e ex-diretor
do Câmbio. Segundo a denúncia,
Salgado teria sido o idealizador
no país das irregularidades envolvendo remessas de dinheiro para
fora do país por meio de contas
CC5. "Ele foi indicado como mentor. Foi apontado por alguns depoimentos como idealizador do
esquema CC5 no país todo."
Foram denunciados ainda na
ação penal oferecida o diretor Vinícius Samarane, o ex-diretor
Danton de Alencar, o superintendente de Câmbio Francisco de Assis Morais Pinto Coelho, e os gerentes Cláudio Eustáquio da Silva
e Ronaldo dos Santos Corrêa.
Na principal operação irregular,
segundo o procurador, "o esquema era semelhante ao do Banestado" (extinto banco do Paraná investigado por remessas ilegais).
Consistia na manipulação da carteira de câmbio, ou seja, o Rural
mantinha uma carteira oficial e
outra não-oficial.
Laranjas
Nesse esquema, foram identificados o uso de 378 laranjas, supostamente aliciados por Odilon
Cândido Bacellar Neto, denunciado por formação de quadrilha.
Uma pessoa interessada em enviar dinheiro para fora do país
sem que as autoridades monetárias soubessem procurava o Rural
e, a partir daí, era montado o esquema de evasão de divisas.
O dinheiro que essa pessoa, física ou jurídica, entregava ao Rural
passava por várias contas de laranjas até chegar a três contas
CC5 que unidades do Rural nas
Bahamas e no Uruguai mantinham em agências do banco em
Belo Horizonte e Foz do Iguaçu.
Os laranjas, segundo a Procuradoria, eram quase sempre "pessoas simples e pequenas empresas" que tinham contas com pouca movimentação.
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