São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2005

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Diretoria do Banco Rural é denunciada

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O Ministério Público Federal em Belo Horizonte ofereceu ontem denúncia à Justiça Federal por gestão fraudulenta de instituição financeira e formação de quadrilha contra quatro diretores à época das supostas irregularidades e mais dois gerentes do setor de câmbio do Banco Rural. A Procuradoria, a Polícia Federal e o Banco Central investigaram por seis anos as remessas de dinheiro do Rural para o exterior.
A Procuradoria identificou três práticas suspeitas entre 1995 e 2000. Em uma delas, que se deu entre 1996 e 2000, as investigações já apontaram fraudes de US$ 192 milhões (R$ 460 milhões) entre os US$ 4,8 bilhões enviados pelo Rural para fora do país no período.
Em outra prática irregular, são mais R$ 430 milhões identificados. Há ainda uma terceira operação rastreada pelo BC que o procurador Rodrigo Leite Prado disse ser um "valor altíssimo". O Ministério Público Federal ainda não fez a soma nesse caso.
O Rural é o banco onde o publicitário Marcos Valério de Souza, apontado como o operador do suposto "mensalão", sacou das contas da SMPB e DNA R$ 20,9 milhões em espécie, de julho de 2003 a maio passado.
A denúncia oferecida envolve José Roberto Salgado, atual vice-presidente do Rural e ex-diretor do Câmbio. Segundo a denúncia, Salgado teria sido o idealizador no país das irregularidades envolvendo remessas de dinheiro para fora do país por meio de contas CC5. "Ele foi indicado como mentor. Foi apontado por alguns depoimentos como idealizador do esquema CC5 no país todo."
Foram denunciados ainda na ação penal oferecida o diretor Vinícius Samarane, o ex-diretor Danton de Alencar, o superintendente de Câmbio Francisco de Assis Morais Pinto Coelho, e os gerentes Cláudio Eustáquio da Silva e Ronaldo dos Santos Corrêa.
Na principal operação irregular, segundo o procurador, "o esquema era semelhante ao do Banestado" (extinto banco do Paraná investigado por remessas ilegais). Consistia na manipulação da carteira de câmbio, ou seja, o Rural mantinha uma carteira oficial e outra não-oficial.

Laranjas
Nesse esquema, foram identificados o uso de 378 laranjas, supostamente aliciados por Odilon Cândido Bacellar Neto, denunciado por formação de quadrilha. Uma pessoa interessada em enviar dinheiro para fora do país sem que as autoridades monetárias soubessem procurava o Rural e, a partir daí, era montado o esquema de evasão de divisas.
O dinheiro que essa pessoa, física ou jurídica, entregava ao Rural passava por várias contas de laranjas até chegar a três contas CC5 que unidades do Rural nas Bahamas e no Uruguai mantinham em agências do banco em Belo Horizonte e Foz do Iguaçu.
Os laranjas, segundo a Procuradoria, eram quase sempre "pessoas simples e pequenas empresas" que tinham contas com pouca movimentação.


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