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Indicado ao Dnit favoreceu amigo em MT
Após Luiz Antônio Pagot assumir secretaria estadual de Infra-Estrutura, em 2003, repasses a construtora cresceram 2.637%
Mauro Carvalho atuou na tesouraria da campanha de Blairo Maggi (PR) em 2006, coordenada por Pagot, que será sabatinado no Senado
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
Durante a gestão de Luiz Antônio Pagot na Secretaria de Infra-Estrutura de Mato Grosso,
os repasses estatais à empreiteira de um amigo dele cresceram 2.637% em comparação
com os últimos anos do governo estadual anterior. Pagot foi
indicado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para assumir a presidência do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes).
A empresa é a Lotufo Engenharia. O amigo e colega de trabalho, conforme definiu Pagot,
é Mauro Carvalho, que atuou
no setor financeiro da campanha para a reeleição do governador Blairo Maggi (PR-MT),
no ano passado. A campanha
foi coordenada por Pagot.
Em 2001 e 2002, últimos
anos do governo do tucano
Dante de Oliveira, morto no
ano passado, a soma dos pagamentos do Estado à empreiteira foi de R$ 457.127. Em 2003 e
2004, dois primeiros anos do
governo Maggi, os contratos
com a empresa saltaram, juntos, para R$ 12.511.675 -daí os
2.637% de aumento.
Os valores aumentaram ainda mais nos anos seguintes. Em
2005, a empresa ganhou
R$ 12.666.483. Em 2006, recebeu R$ 16.116.911. Pagot comandou a secretaria de Infra-Estrutura de Mato Grosso até
meados de 2005. Os dados
constam de auditoria feita em
janeiro deste ano pela Assembléia Legislativa, a pedido de lideranças partidárias da Casa.
A auditoria contabilizou 37
contratos da Lotufo com o governo Maggi entre 2003 e
2006. O auditor disse que recebeu os papéis de apenas 11 licitações desses contratos.
O relatório da auditoria
aponta problemas em cinco das
11 licitações analisadas. As supostas irregularidades se referem principalmente a omissões
de dados nos projetos básicos
das obras. A maioria delas foi
para construção de prédios e
restauração de estradas.
O maior contrato é para a
construção de um ginásio poliesportivo em Cuiabá, orçado
em R$ 22,9 milhões -40% da
obra foi concluída e paga.
O relatório da auditoria não é
conclusivo porque nem todos
os documentos foram fornecidos pelo governo, aponta a análise. Também não foi votado
pelos deputados nem tem capacidade de apontar sanções.
Nos quatro primeiros anos
da gestão Maggi, o Tribunal de
Contas do Estado nunca contestou obras da Lotufo para o
governo. As contas da secretaria de Pagot foram sempre
aprovadas.
A reportagem tentou durante toda a semana, sem sucesso,
conversar com Manoel Marques Fontes, auditor-geral da
Assembléia Legislativa do Estado, que assina o relatório.
Por meio de assessores, Fontes indicou o deputado José Riva (PP-MT), primeiro-secretário da Mesa Diretora, para comentar a auditoria. A Folha
deixou recados para Riva, mas
ele não ligou de volta.
Pagot contestou a legalidade
do documento, mas não desmentiu os números. Ele e Mauro Carvalho negaram irregularidades ou benefícios à Lotufo
(leia texto nesta página).
Carvalho afirmou que era
uma das pessoas que dialogava
com o governo de Mato Grosso
sobre as obras da empresa, mas
que não participa ativamente
da administração da Lotufo.
Já seu sócio, Luiz Lotufo,
disse que ninguém discutia
obras com o governo, uma vez
que elas eram reguladas por
meio de licitações.
Sabatina
A sabatina no Senado que determinará a admissão de Pagot
no Dnit, criticada pelo PSDB,
foi adiada e deve acontecer nesta semana. O processo de admissão foi acelerado depois que
o senador Jayme Campos
(DEM-MT) -cujo primeiro suplente é justamente Pagot- assumiu sua relatoria.
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