São Paulo, terça-feira, 08 de agosto de 2006

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Gabeira acusa PSB de usar ministério em esquema de fraude

Deputado Fernando Gabeira/Divulgação
Ônibus parados em Volta Redonda que deveriam ser usados em programa de inclusão digital


Partido usava Ciência e Tecnologia para ter "ganhos eleitorais e financeiros", afirma deputado; pessebistas negam acusação

Parlamentar sustenta que deputados do PSB alocavam verbas no Orçamento para programas de inclusão da pasta ocupada pela legenda


RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), da CPI dos Sanguessugas, acusou ontem o PSB de comandar no Ministério da Ciência e Tecnologia um esquema que pode ser similar ao da máfia das ambulâncias.
A suposta ação da família Vedoin (que chefiava a fraude dos sanguessugas) nos programas de inclusão digital dos ministérios da Ciência e Tecnologia e Comunicações já veio à tona, mas Gabeira diz que, para ele, integrantes do PSB usaram a Ciência e Tecnologia para "obter ganhos eleitorais e financeiros" com projetos que estariam longe dos padrões de uma proposta ideal de inclusão digital.
"O que estou querendo mostrar é como um partido se apossou de um ministério e o transformou em um ministério de compadres", disse o deputado. Gabeira afirmou que cobrará "explicações convincentes" dos ex-ministros da pasta. Desde a posse de Lula em 2003, a Ciência e Tecnologia é comandada por pessebistas: Roberto Amaral, Eduardo Campos e Sergio Rezende. Eles negam a acusação e criticam o deputado.
Os projetos de inclusão digital dos ministérios englobavam a compra de ônibus equipados com computadores para uso de prefeituras. Gabeira listou uma série de fatores para sustentar sua acusação: primeiro, o fato de o ministério ser comandado pelo PSB; segundo, a destinação, por deputados do partido, de verbas do Orçamento da União para o programa; terceiro, a suposta tentativa de uso eleitoral do programa pelo PSB; por fim, a suposta implementação do projeto em um governo do PSB, o de Alagoas.
O deputado federal diz que o ex-secretário de Inclusão Digital do ministério Rodrigo Rollemberg, candidato a deputado federal pelo PSB, seria um "facilitador" da liberação de emendas que deputados do partido fizeram destinando verbas do Orçamento ao projeto. De acordo com o deputado, em uma conversa telefônica gravada pela PF, integrantes da quadrilha comemorariam terem ouvido de Rollemberg a afirmação de que o Ministério da Ciência e Tecnologia possuía "muito dinheiro" para o projeto de inclusão digital.

Fotos
Como prova da suposta fraude, Gabeira divulgou fotos de ônibus do programa que estariam parados em uma empresa de Volta Redonda (RJ). Os mesmos ônibus foram objeto de reportagem da Folha no final de junho. Naquela época, pelo menos dois de cinco ônibus comprados para o projeto "Você Digital" estavam havia cerca de três meses parados. Eles estavam na garagem da Viação Elite guardados a pedido do deputado federal Paulo Baltazar (PSB-RJ), um dos investigados pela Operação Sanguessuga.
Gabeira disse que o ex-líder da bancada do PSB Renato Casagrande (ES), e o atual, Alexandre Cardoso (RJ), direcionaram emendas ao programa.

Motorista
Em depoimento a portas fechadas à CPI dos Sanguessugas, Flávio Silva, motorista do deputado Érico Ribeiro (PP-RS), teria admitido ontem ter recebido dinheiro em sua conta bancária da família Vedoin. Segundo Gabeira, o motorista admitiu ter repassado a quantia de R$ 10 mil a "superiores", no gabinete do deputado. De acordo com Gabeira, o motorista teria entregue a propina a uma secretária de Érico Ribeiro.
A assessoria de Ribeiro afirmou que o motorista disse à CPI ter repassado o dinheiro a uma secretária do comitê de campanha da aliança PPS-PP à Prefeitura de Pelotas em 2004 e não ao gabinete do deputado. Ele nega ligação com a máfia.


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