São Paulo, quarta-feira, 08 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mesa aprova nova investigação contra senador

FERNANDA KRAKOVICS
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ignorando uma manobra de Renan Calheiros (PMDB-AL), a Mesa Diretora do Senado autorizou ontem, por 5 a 2, a abertura de um novo processo contra o presidente da Casa, por indícios de quebra de decoro, no Conselho de Ética. O objetivo é investigar se ele beneficiou a cervejaria Schincariol em troca de vantagens pessoais e se fez grilagem de terras em Alagoas.
Em outra frente, o PSDB e o DEM protocolaram uma outra representação contra Renan, a terceira, para que o Conselho de Ética apure suspeita de que o presidente do Senado é o dono oculto de duas rádios em Alagoas que teriam sido pagas em dinheiro vivo.
Subordinado ao presidente do Senado, o advogado-geral da Casa, Alberto Cascais, elaborou um parecer contrário à abertura do processo para investigar o caso Shincariol e a suposta grilagem de terras. Ele apontou supostos erros jurídicos na representação feita pelo PSOL, mas não foi levado em conta pelos senadores.
Na reunião da Mesa Diretora votaram contra a abertura desse processo os senadores Tião Viana (PT-AC) e Papaléo Paes (PSDB-AP). Para eles, a denúncia sobre o caso Schincariol é relativa ao deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL), irmão de Renan, e não ao presidente do Senado.

Cervejaria
Segundo a revista "Veja", a Schincariol comprou por R$ 27 milhões uma fábrica de Olavo, em Murici (AL), quando o negócio estava prestes a fechar. Segundo a revista, o preço estava acima do de mercado. Após a transação ser concluída, Renan teria conseguido suspender a cobrança de uma dívida de R$ 100 milhões da cervejaria com o INSS e outra, também milionária, com a Receita.
"Primeiro tem que identificar se houve crime por parte do Olavo, que é o denunciado. Não posso acusar Renan de quebra de decoro se o irmão dele pode ser absolvido", disse o petista Tião Viana, que é vice-presidente do Senado e conduziu a reunião da Mesa.
O PSOL já protocolou no Conselho de Ética da Câmara uma representação contra Olavo, por indícios de quebra de decoro parlamentar.
Formalmente esse processo só estará aberto no Senado quando Renan for notificado. Antes, o presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-AL), precisa nomear um relator.
Renan já enfrenta um processo no conselho, no qual se investiga se o peemedebista teve despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior.


Texto Anterior: STF abre inquérito criminal e quebra sigilo fiscal de Renan
Próximo Texto: Lula diz que "caso individual" não pode atrapalhar Senado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.