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Procuradoria denuncia Matilde e cobra R$ 160 mil
Ministério Público vê improbidade no uso de cartão; ex-ministra não se manifestou
Então titular da Igualdade Racial gastou, em 2007,
R$ 127,7 mil com aluguel
de carros e R$ 37,8 mil com hospedagem sem licitação
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
do Distrito Federal denunciou
à Justiça a ex-ministra Matilde
Ribeiro (Igualdade Racial) por
improbidade administrativa e
pediu a devolução de R$
160.707,96 gastos por ela com o
cartão corporativo.
O órgão acusou a ex-ministra
de ter causado "grave dano ao
erário" ao utilizar o dinheiro
público de forma "imoral".
Matilde Ribeiro disse à Folha que não iria se manifestar
sobre a denúncia. "Não tenho
opinião sobre isso uma vez que
não fui procurada." A ex-ministra riu ao ser questionada se tinha como ressarcir os cofres
públicos. "O que você acha?"
Matilde deixou o governo
após a revelação de que utilizou
o cartão corporativo num free
shop e que teve altos gastos em
restaurantes, com hospedagem
e locação de carro. No caso do
free shop ela disse, na época,
trocou os cartões e acabou devolvendo o valor de R$ 461,16
três meses depois.
A procuradora Ana Carolina
Roman considerou que Matilde utilizou o cartão corporativo
de forma irregular também para pagar despesas que deveriam
ter sido licitadas, como a locação de veículos e hospedagem.
"Devem ser consideradas ilícitas todas as despesas feitas pela
ré com locação de veículos e
hospedagem", escreveu.
No ano passado, as despesas
da então ministra com o cartão
corporativo somaram R$ 171,5
mil. Desse total, ela gastou
R$ 127,7 mil com o aluguel de
carros e mais R$ 37.800,45 com
hospedagem.
A procuradora ressaltou que
embora a CGU (Controladoria
Geral da União) tenha considerado que essas despesas foram
justificados por estarem relacionados a uma agenda de trabalho, o fato de 94,2% dos gastos com locação terem sido feitos numa única empresa, a Localiza Rent a Car, e de a ex-ministra ter tido como destino
"praticamente as mesmas cidades" e os mesmos hotéis indica
que era possível fazer licitação.
Conforme a CGU, Matilde já
ressarciu R$ 2.815,35 aos cofres
públicos. O órgão considerou
que a ex-ministra gastou sem
justificativa R$ 2.920,15 e também pediu justificativas ou recolhimento para despesas de
R$ 19,2 mil pagos em horas extras de motoristas. O que está
sendo contestado por ela. A
CGU não se manifestou sobre a
decisão do Ministério Público.
Outros ministros
Os ministros Altemir Gregolin (Pesca) e Orlando Silva (Esportes) também devolveram
dinheiro aos cofres públicos
por determinação da CGU pelo
uso irregular do cartão.
A controladoria também determinou que dois ex-ministros do governo FHC devolvessem dinheiro: Raul Jungmann
(Desenvolvimento Agrário) terá que devolver R$ 15,1 mil e
Paulo Renato (Educação), R$
4,4 mil; além de ter que justificar despesa de R$ 50,7 mil. Ainda cabe defesa nos dois casos.
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