São Paulo, sexta-feira, 08 de setembro de 2006

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Alckmin evita ir a área destruída de favela

André Luiz Mello/Associated Press
Geraldo Alckmin joga sinuca na favela Rio das Pedras; ele acertou três bolas, cuidadosamente preparadas por seus assessores


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, visitou ontem a favela Rio das Pedras (zona oeste do Rio), mas evitou, apesar de convidado, a área atingida há três semanas por um incêndio que destruiu 500 casas. Os desabrigados estão precariamente alojados numa área lamacenta sob uma lona.
Apesar de ter sido chamado em coro pelos moradores para ir ao local, Alckmin só andou pela parte mais urbanizada da favela. O vereador Nadinho de Rio das Pedras (PFL), que atuou como guia local, reclamou dos moradores que insistiam para que eles fossem visitar a área do incêndio.
O candidato tucano à Presidência caminhou ao lado do deputado federal Rodrigo Maia (PFL), filho do prefeito Cesar Maia, pela principal rua da comunidade, que recebeu obras do Favela Bairro (programa de reurbanização da prefeitura), e becos da área menos pobre.
Logo no início do passeio, o tucano foi abordado por Mary Jane Batalha: "O sr. precisa ver as pessoas que estão abandonadas depois do incêndio que destruiu 500 casas. Estão ali, numa tenda de lona. Não veio ninguém ajudar". Maia se aproximou e disse que a prefeitura aguarda um financiamento da Caixa Econômica Federal para construir 150 casas.
"Quero que eles vão lá, pedimos para ver a situação do pessoal que perdeu tudo. Mostrar só isso aqui é bom, mas tem de mostrar lá dentro, para o pessoal ver que nem tudo são flores. Tem até cobra", disse Márcia Vieira, voluntária da Associação de Moradores.
"Andar no limpinho é mole. Quero ver meter o pezinho de cristal na lama", reclamou Mackensie Elias, 22. Ao ouvir os moradores pedindo em coro que Alckmin fosse à área afetada, o vereador Nadinho repreendeu o grupo: "Vocês estão me sacaneando!".
Alckmin tentou interagir de várias maneiras com a população, mas cometeu gafes. Tomou o celular de uma moça e falou com a mãe dela, prometendo dar seguimento a obras do Favela Bairro no local -mas as duas moram em outro bairro.
Como há muitos migrantes nordestinos na favela, ao se aproximar dos moradores, ele puxava conversa perguntando de onde eram, e buscava associações. "Da Paraíba? Campina Grande, terra do Cássio [Cunha Lima, governador]!" Ao parar um motociclista montado em uma Honda disse: "Fui à fábrica da Honda em Manaus!"
Comprou paçoca para crianças, jogou sinuca, tomou café e perguntou no Salão Universo: "O corte de cabelo para careca é mais barato?"


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