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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PT X PT
Pont, da esquerda, defende posição oposta; para candidato favorito a presidente do PT, apurações estão "muito tumultuadas"
Berzoini admite dar legenda em 2006 a petista que renunciar
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os candidatos à presidência do
PT Ricardo Berzoini (Campo Majoritário), e Raul Pont (Democracia Socialista) defenderam ontem
procedimentos opostos em relação aos parlamentares petistas
ameaçados de cassação, em debate que antecedeu disputa no segundo turno das eleições do partido, a ser realizada em São Paulo.
Berzoini admitiu a renúncia como forma de escapar da perda de
direitos políticos caso os processos de apuração do Congresso sejam "equivocados", ou seja, transformados pela oposição em disputa partidária. Já Pont quer negar legenda nas eleições de 2006
para quem recorrer ao artifício.
A discordância aprofunda ainda mais as diferenças entre os
candidatos, já explicitadas em posições sobre a política econômica
do governo. A militância escolherá amanhã qual deles dirigirá o
partido nos próximos três anos.
A opção da renúncia para os deputados petistas ameaçados de
cassação por suposto envolvimento no esquema do "mensalão" surgiu nesta semana em Brasília, como forma de aplacar de
vez a crise política do governo.
O presidente interino do PT,
Tarso Genro, reafirmou ontem
ser contra dar legenda a quem renunciar. Tarso negou haver qualquer acordo para que deputados
garantam direitos políticos renunciando ao mandato antes da
abertura do processo de cassação
-se aberto o processo, o parlamentar fica sujeito a punições.
"Nossos parlamentares devem
participar de todo processo de
averiguação, pois deixarão transparente para sociedade o nível de
responsabilidade que têm e, em
casos concretos, eventuais perseguições e distorções que estejam
fazendo contra eles", disse. Ele
afirmou que vai defender essa tese
no Diretório Nacional, instância
máxima do partido.
Berzoini, o candidato da situação petista, afirmou que os processos de investigação na Câmara
dos Deputados estão "muito tumultuados". "Os deputados acusados demonstraram disposição
de não renunciar, mas estão preocupados com a falta de critérios
para as punições e a falta de métodos de investigação que produzam um cenário de Justiça, e não
um cenário de entrega à cassação
sem fundamentação", disse o
candidato do Campo Majoritário.
"Se houver renúncia após configurada culpa, é para fugir de responsabilidades. Se houver renúncia para escapar de processo de
apuração equivocado, é um expediente de proteção dos direitos individuais. Não deve ser punido
pelo próprio partido", afirmou
Berzoini, ressaltando a necessidade de integrantes de outras legendas que supostamente utilizaram
caixa dois, como o senador
Eduardo Azeredo (MG), presidente do PSDB, e o deputado Roberto Brant (PFL-MG), serem tratados com o mesmo rigor aplicado aos petistas.
Pont, candidato da esquerda do
PT, prega a investigação interna e
punições como forma de dar uma
resposta à militância e à opinião
pública. "Não podemos deixar a
dúvida de que somos coniventes
ou omissos nos casos de flagrantes irregularidades", disse.
Ética
No debate de ontem, Berzoini
tentou se diferenciar de Pont na
defesa ao governo Lula. Chegou a
acusar o oponente de criar disputas internas desnecessárias. Também afirmou que apoiadores de
Pont agiram de forma "antiética"
no primeiro turno. "Não se pautaram pela ética nem pelo respeito à
história desses companheiros que
ajudaram a construir o PT", disse
Berzoini, referindo-se aos petistas
sob investigação no Congresso.
"Foram comprovadamente
quebradas as relações mínimas de
confiança, tratamento igualitário,
companheirismo e lealdade",
afirmou Pont. "Essas pessoas, algumas réus confessos, deveriam
já ter sido avaliadas pelo partido."
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