São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2005

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PF apurará suposta pressão na Alfândega

JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal diz que instalará na terça-feira inquérito para apurar se o ex-diretor da Fundação Biblioteca Nacional Pedro Corrêa do Lago usou sua influência quando estava no cargo para pressionar fiscais da Alfândega a retirar do país, sem serem vistoriadas, caixas com obras de arte para exposição em Paris.
O embarque ocorreu no dia 26 de setembro. Uma funcionária da Biblioteca Nacional levou para o Aeroporto Internacional Tom Jobim caixas com gravuras e quadros para serem expostos no Museu do Louvre, em Paris, a partir do dia 28. Ao passar pela Alfândega, um fiscal solicitou que as caixas fossem abertas. A polícia investiga se o ex-diretor da Biblioteca impediu que a inspeção ocorresse e se houve intimidação de funcionários da Alfândega.
Pedro Corrêa do Lago afirmou à Folha desconhecer qualquer tipo de pressão exercida sobre a Alfândega do aeroporto do Rio para que as caixas não fossem abertas e disse que, no dia do embarque das peças, já se encontrava em Paris.
"Ele será investigado sob suspeita de prevaricação, e o fiscal também será responsabilizado em inquérito. As caixas tinham de ser vistoriadas. Nada pode sair do país sem sabermos o que é", afirmou o delegado Deuler Rocha, da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico da PF do Rio.
Segundo Corrêa do Lago, estavam sendo embarcadas 18 gravuras do acervo da Biblioteca Nacional e três quadros de colecionadores particulares para serem expostos no Louvre. "É a primeira vez que o Brasil tem um espaço no Louvre. Por que acontece isso agora? Eu nem estava no Rio, estava em Paris. Como poderia interferir? Nem sei se houve vistoria ou não", disse Corrêa do Lago.
O ex-diretor da Biblioteca Nacional também afirmou que os papéis para o envio das obras para a França estavam regulares.
"As caixas foram abertas no aeroporto de Paris, e estava tudo certo. As obras foram expostas e retornarão ao Brasil intactas. Tenho tranqüilidade para dizer que tudo foi feito corretamente", diz.


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