São Paulo, Segunda-feira, 08 de Novembro de 1999
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Núcleo faz 1ª reunião amanhã

da Sucursal de Brasília

O governo decidiu aproveitar a repercussão favorável dos trabalhos da CPI do Narcotráfico junto à opinião pública para oficializar nesta semana a criação do Núcleo de Combate à Impunidade.
A iniciativa do governo é uma tentativa de criar uma versão nacional da operação "Mãos Limpas", realizada com êxito para o combate à máfia italiana.
O presidente Fernando Henrique Cardoso se reúne amanhã com membros da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e com os ministros José Carlos Dias (Justiça) e Alberto Cardoso (Segurança Institucional) para discutir a situação do crime organizado no país.
O presidente da CPI, Magno Malta (PPB-ES), pedirá ao presidente agilidade do Banco Central para o fornecimento de informações sobre pessoas cujo sigilo bancário foi quebrado pela comissão.
Outra reivindicação da CPI é o aumento de recursos para proteção de testemunhas. Desde a instalação da comissão, em abril deste ano, já estão sob proteção policial 40 testemunhas e seus parentes.
A CPI do Narcotráfico é apontada como responsável por prisões decretadas contra 34 pessoas no Acre, cinco no Maranhão (dois prefeitos, dois delegados e um ex-deputado) e deve contribuir nesta semana para a cassação de dois deputados estaduais maranhenses -José Gerardo de Abreu (PPB) e Chico Caíca (PST).
"O governo está dando todo apoio aos trabalhos da CPI", disse por telefone o ministro José Carlos Dias.
"A reunião servirá para o governo fazer um balanço da situação e traçar estratégias para o combate ao crime organizado e ao narcotráfico", afirmou.
Dias esteve recentemente no Acre, onde foram presas e transferidas para Brasília em avião da FAB (Força Aérea Brasileira) 28 pessoas ligadas ao ex-deputado Hildebrando Pascoal, acusado pela CPI e pelo Ministério Público Federal de comandar grupo de extermínio e narcotráfico no Estado.
O ministro viajou em companhia do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, e do diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho.
Na ocasião, foi discutida e acertada entre eles a criação do Núcleo de Combate à Impunidade para lidar principalmente com crimes que não são solucionados pelas polícias estaduais.
Segundo Dias, o núcleo deverá contar com a participação de dois delegados da PF, dois procuradores da República e um ou dois representantes do próprio Ministério da Justiça.
Um dos procuradores cotados para participar do núcleo é Roberto Santoro, responsável pela equipe que já elaborou cinco denúncias contra o ex-deputado Hildebrando Pascoal e seus supostos cúmplices.
O núcleo também contará com a assessoria de funcionários do Banco Central e da Receita Federal para auxiliar nas investigações.


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