São Paulo, Segunda-feira, 08 de Novembro de 1999
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CRIME ORGANIZADO

Pompeo de Mattos, sub-relator da CPI em Campinas, quer estar na cidade entre quarta e quinta

CPI antecipa investigação em Campinas

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

A CPI do Narcotráfico vai antecipar o início das investigações em Campinas (99 km de São Paulo) para esta semana. A cidade é apontada como principal centro de uma organização criminosa que atua no roubo de cargas, tráfico de drogas e contrabando de armas.
O sub-relator da CPI em Campinas, deputado federal Pompeo de Mattos (PDT-RS), quer estar na cidade entre quarta e quinta-feira desta semana para realizar diligências com a Polícia Federal.
"Vamos investigar depósitos onde cargas roubadas teriam sido escondidas e hotéis da cidade onde a quadrilha se reunia", disse o deputado.
Os demais integrantes da CPI vão estar em Campinas nos próximos dias 16 e 17, como estava previsto anteriormente.
O empresário campineiro William Walder Sozza é acusado pela CPI de liderar a quadrilha em Campinas e região. Ele teve a prisão temporária decretada e está foragido há 25 dias.
A CPI vai ouvir o depoimento de empresários, policiais e políticos da cidade que foram citados como suspeitos de envolvimento com a quadrilha.
Serão ouvidos o ex-presidente do Guarani, Luiz Roberto Zini, o corretor de imóveis Paulo Roberto Deneno, o ex-advogado de Sozza Artur Eugênio Matias, o ex-sócio de Sozza, Geraldo Burdini Júnior, e o legista Fortunato Badan Palhares. Todos, citados em depoimentos feitos à CPI, negaram as acusações.
Os integrantes da comissão pretendem ouvir também policiais suspeitos de estarem envolvidos com a quadrilha. Em 1997, o Ministério Público de Campinas quebrou o sigilo bancário de seis policias suspeitos de participar do roubo de cargas. Os policiais foram denunciados pelo presidiário Gilmar Leite Siqueira.
Meses depois de denunciar um grupo de policiais à Corregedoria da Polícia Civil, em 96, a mulher de Siqueira, Vilma Lucia Vageti, e seu filho, Fernando Vageti Siqueira, 4, foram mortos.
Pelo menos cinco políticos de Campinas também serão investigados pela comissão, que ainda não revelou os nomes.
"Ainda não temos confirmações suficientes apontando o envolvimento de políticos da cidade com a quadrilha, apenas denúncias", disse Mattos.
O empresário Sozza é dono da Dog's Center, que vende produtos para cães. Entre 95 e 96, ele também foi presidente do diretório municipal do PRTB em Campinas. O PRTB é a atual sigla do ex-presidente Fernando Collor.
Segundo a CPI, a organização criminosa também seria comandada pelo deputado cassado Hildebrando Pascoal (AC-sem partido), pelo deputado estadual José Gerardo Abreu (PPB-MA) e pelo deputado Augusto Farias (PPB-AL), irmão de Paulo César Farias, assassinado em 96.
O advogado de Sozza, Herberto Guimarães, vai entrar com pedido de habeas corpus até o final deste mês para tentar liberar o empresário da prisão temporária.
""Espero que o Tribunal de Justiça do Maranhão revogue a prisão temporária de Sozza, pois não há nada de concreto contra ele. Há apenas acusações sem provas", disse Guimarães.


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