São Paulo, Segunda-feira, 08 de Novembro de 1999
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NO AR

Herói

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Como no filme "Hero", existe um herói no episódio do MorumbiShopping. Mas até ontem, quando o assunto já perdia o interesse na TV, não havia sinal dele.
Para manter o assunto no ar, o mais que a TV conseguiu no fim-de-semana foi a doação de órgãos de uma vítima, que foi manchete no JN. Mas ontem a criança que recebeu um órgão morreu, para constrangimento dos apresentadores.
A saída natural da TV, em casos assim, era achar o herói. Bem que tentaram, já no dia seguinte, com um personagem explorado como tal.
Ele esteve em toda parte, dos telejornais da Globo ao Cidade Alerta, no qual ficou ao vivo mais de uma hora.
A TV estabeleceu que ele imobilizou o atirador, foi um herói. Não foi, como mostrou um diálogo de Chico Pinheiro com o suposto herói:
- Como é que o atirador foi dominado?
- Um rapaz que estava ao lado dele, que não foi depor, pulou em cima dele. Ele foi imobilizado na hora.
- Você tentou agredi-lo?
- É. Já tinham imobilizado ele. Fui tentar agredi-lo porque eu estava louco.
- Você luta, né?
- Eu luto jiu-jítsu.
É tal o herói virtual que a TV escolheu e apresentou. (Não se registra o nome aqui porque não é dele a ficção.)
Quanto ao herói de fato, uma outra testemunha confirmou que ele saltou sozinho sobre o atirador, "tirou a arma" e, por fim, chamou a segurança. Em seguida, desapareceu.
É o exato argumento do filme "Hero" (Herói por Acidente), com Dustin Hoffman no papel do herói e com Geena Davis no papel da TV brasileira.

E-mail: nelsonsa@uol.com.br


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