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Em nota, PF diz que pediu só relação de antenas e não quebrou sigilo telefônico
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal informou
ontem que, em nenhuma hipótese, quebrou o sigilo telefônico
de jornalistas que acompanharam a deflagração da Operação
Satiagraha, na madrugada de 8
de julho. O órgão não explicou,
porém, por que pediu, segundo
consta nos autos, a relação
completa de "todos" os celulares e antenas usadas exclusivamente em locais onde havia
equipes da TV Globo.
Há no inquérito uma manifestação do Ministério Público
Federal criticando duramente
a abertura de dados confidenciais sem ordem judicial, alertando sobre o risco de quebra o
sigilo da fonte jornalística e pedindo a nulidade das provas.
No foi o que a polícia informou ontem. Em nota, a PF garantiu que "não investiga jornalistas no referido inquérito
policial, pois respeita a norma
constitucional que garante o sigilo de fonte desses profissionais. A investigação visa à apuração de vazamentos de dados
sigilosos da Satiagraha".
A polícia não explicou o motivo que a levou a pedir dados
de antenas telefônicas (o que
permite a localização física do
usuário do aparelho) apenas
em áreas onde havia jornalistas
-na sede paulista da PF e nas
casas do ex-prefeito Celso Pitta, do investidor Naji Nahas e
de um doleiro.
A PF também não esclareceu
o pedido feito ao Detran e ao
Departamento de Operações
do Sistema Viário (DSV) de "todas" as multas efetuadas em
São Paulo durante a deflagração da Satiagraha -segundo a
Folha apurou, o objetivo era
rastrear o trajeto das equipes.
"Os referidos órgãos, quando
necessário, devem prestar informações aos órgãos policiais
no interesse de investigações e
para a garantia da segurança
pública", informou a PF, que
garante não ter solicitado nem
recebido a lista de chamadas
identificadas pelas antenas.
O órgão sustentou que informações da Nextel não embasaram a decisão do juiz de busca e
apreensão contra agentes da
PF -todos os dados, porém, estão nos autos enviados ao juiz
Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Sobre o fato de constar nos
autos uma relação com os Cell
ID (números de identificação)
de 10 a 12 aparelhos Nextel, informou que esses aparelhos
pertencem à própria polícia. "E
sequer destes telefones houve a
identificação de chamadas efetuadas e recebidas."
Procurada pela Folha, a Nextel se limitou a informar que
"segue todos os procedimentos
jurídicos e legais para interceptações de chamadas".
A TV Globo afirmou que não
vai se manifestar sobre o caso.
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