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CRIME ORGANIZADO
Meta é unificar ações do Executivo, STJ e Ministério Público
Órgão combaterá lavagem de dinheiro
IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A PIRENÓPOLIS (GO)
O governo espera obter mais eficiência no combate à lavagem de
dinheiro por meio da maior integração dos envolvidos com o tema. Ontem, 18 órgãos do Executivo criaram, em conjunto com o
Ministério Público Federal e o Superior Tribunal de Justiça, o Gabinete de Gestão Integrada de Prevenção e Combate à Lavagem de
Dinheiro (GGI). Também foram
traçadas 12 recomendações à administração federal para 2004.
"Demos o primeiro passo forte
para a construção de uma cultura
de combate à lavagem de dinheiro
no Brasil", definiu o ministro
Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
O GGI e as recomendações fazem parte da Encla (Estratégia
Nacional de Combate à Lavagem
de Dinheiro) para 2004. O principal pilar de sustentação é a integração entre os diversos órgãos,
cujo palco será o GGI. "Essa grande integração é o passo visível",
disse Cláudio Fonteles, procurador-geral da República.
A idéia do governo é tornar o
GGI, que será ligado ao Ministério
da Justiça, um fórum sobre as dificuldades na recuperação de ativos
suspeitos. Significa, por exemplo,
avaliar a compra de softwares comuns para a Receita Federal e para a Polícia Federal.
Também caberá ao comitê avaliar os registros societários, de
embarcações, de aeronaves e de
imóveis, permitindo o cruzamento deles com declarações de Imposto de Renda e com o cadastro
de correntistas, por exemplo.
A partir daí, será possível identificar renda incompatível com
posses. "Há dez anos, nada era informatizado. Olhando para o futuro, daqui a dez anos tudo vai
ser. Precisamos agilizar isso", disse Antenor Madruga, diretor de
recuperação de ativos financeiros.
A principal proposta da Encla é
permitir ao Ministério Público,
sem autorização judicial, acesso
aos dados fiscais e bancários de
contribuintes. Hoje, apenas a Receita Federal e o Banco Central
detêm essa atribuição.
Também será criado um código
de ética na relação com a imprensa para servidores suspeitos de lavagem de dinheiro. "Em alguns
momentos o sigilo se faz necessário para as investigações", disse o
ministro Gilson Dipp, do STJ.
Outra meta é a aprovação, ainda
no primeiro semestre de 2004, do
bloqueio administrativo de recursos suspeitos (quando o banco
bloqueia a conta com movimentação fora do "perfil" do cliente).
Além disso, pretende-se ampliar a Lei de Lavagem de Dinheiro, incluindo o terrorismo como
crime antecedente. Também será
definido o conceito jurídico de organização criminosa.
Segundo a secretária nacional
de Justiça, Cláudia Chagas, os focos do combate à lavagem de dinheiro são corrupção e desvio de
recursos públicos. Por isso a Encla
prevê a sindicância patrimonial
de todos os servidores, como
ocorre com policiais federais.
"A Corregedoria tira fotos do
apartamento, do automóvel, vê o
nível de vida de um agente, por
exemplo. Se constatar sinal exterior de riqueza incompatível com
o salário, abre um processo administrativo e um inquérito penal",
explicou o diretor-geral da Polícia
Federal, Paulo Lacerda.
A discussão da Encla durou três
dias e terminou ontem. Reunidos
na cidade de Pirenópolis (GO), titulares ou vices de órgãos governamentais conversaram com Ministério Público e Judiciário sobre
o que é possível fazer em 2004.
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