São Paulo, quinta-feira, 08 de dezembro de 2005

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JANIO DE FREITAS

Sessão pastelão

Seria uma entrevista presidencial, a depender dos três radialistas entrevistadores. O entrevistado preferiu a ocasião, apesar de tão matinal, para improvisar uma comédia radiofônica. Muito divertida. Pena que longa demais, hora e meia, mas dá-se uma idéia.
"Eu tenho memória boa. Não me diga um dado agora, que daqui a 30 anos, quando eu encontrar você, eu digo o dado a você." Prodigioso. Mas tinha acabado de dar uma demonstração da memória fenomenal: "Em nenhum momento [da campanha eleitoral] nós afirmamos que íamos criar 10 milhões de empregos".
Os que têm memória fraca, suficiente apenas para os últimos três anos, lembram-se de que a promessa dos 10 milhões de empregos foi um dos mais eloqüentes carros-chefes das promessas de Lula nos programas de TV e rádio.
Lula foi em frente: (...)"Eu não disse pra ninguém que sou candidato". Esqueceu que há uma dúzia de dias disse a outros jornalistas: (...)"Eu vou, sim, me candidatar". Cinco minutos depois dessa comunicação clara e firme, espantava-se com a referência de alguém que a retomava: "Eu não disse isso". Não se lembrava. "Então foi um lapso".
Agora se entende que Lula, com a memória em lançamento astronáutico para daqui a 30 anos, nunca se lembre do que acaba de lhe ser perguntado. Cada indagação é apenas uma oportunidade a mais para divagar, divagar, sem outro propósito senão desmentir-se. Em relação também a uns 30 anos, porém passados.
E já que nada é mais sério do que o humor, não surpreende que o próprio Lula, depois de tudo, fizesse esta ponderação: "A gente precisa pensar mais naquilo que fala".
Mas já esqueceu a ponderação.

Pastelão sempre
"Cesar diz que desistirá de disputa em favor de Serra." Deu-se o bafafá. Geraldo Alckmin encrespou-se, a cúpula do PFL reclama que a atitude do prefeito pefelista a desautoriza, no PSDB surgem mais reações ao que seriam acordos precipitados de Serra.
Tudo o que aconteceu, no entanto, foi só isso: Cesar Maia disse que vai desistir de fazer o que não ia mesmo fazer. Sua pré-candidatura à Presidência só durou mais do que a memória de Lula. Teve a exaustiva duração de 48 horas, entre ser anunciada pelo prefeito que acabava de ser reeleito e a torrente de indignação que desabou sobre ele.
Só mesmo os paulistas do PSDB para imaginarem que Cesar Maia tem eleitorado realmente seu, e não vitórias eleitorais presenteadas pelos seus concorrentes.


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