São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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De olho nas eleições de 2010, Dilma mantém núcleo fiel

Estrutura montada pela ministra ignora pressões por cargos de seu partido e aliados

Anúncio do campo de gás na bacia de Santos (SP), no mês passado, foi apontado como a largada da pré-campanha presidencial da ministra

Rafael Andrade/Folha Imagem
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), durante entrevista em que foi anunciada a descoberta de campo de gás na bacia de Santos


FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos nomes mais fortes do PT para disputar a Presidência em 2010, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) montou estrutura própria de poder dentro do governo que ignora as pressões por cargos de seu próprio partido e de aliados.
A gerente do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) privilegia núcleo de aliados fiéis com quem tem relação antiga de confiança. São pessoas egressas do setor elétrico, além de figuras oriundas do Estado onde fez carreira política, o Rio Grande do Sul, e algumas "companheiras em armas" da época da resistência ao regime militar, no anos 70. É esse grupo que deve acompanhá-la nos próximos anos na tentativa de viabilizar-se como candidata.
O anúncio da descoberta de um campo gigante de gás na bacia de Santos (SP), em novembro, em que Dilma foi a estrela, foi apontado como a largada da sua pré-campanha. Segundo pesquisa Datafolha de novembro, a ministra tem no máximo 2% de intenções de voto.
Na Casa Civil, são ao menos seis cargos de confiança que vieram com a ministra da pasta de Minas e Energia quando ela migrou para a Casa Civil, em 2005. A mais poderosa é Erenice Guerra, secretária-executiva que é chamada por alguns no PT de "a Dilma da Dilma".
É tal o poder da ministra hoje no governo que ela se sente à vontade para montar sua equipe sem ceder aos partidos. É um caso único na Esplanada, o que não ajuda a diminuir sua imagem de "autoritária e personalista" entre vários petistas.
Dilma, cuja carreira política começou no PDT, é também uma raridade entre os ministros petistas pelo fato de quase não ter vida partidária. Sua relação é com os técnicos do partido em sua área, a de energia.
São de sua confiança o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, os presidentes Valter Cardeal (Eletrobrás), e Ronaldo Custódio (Eletrosul), além da diretora de gás da Petrobras, Maria das Graças Foster.
Outra muito próxima é Jurema Ribeiro Valença, assessora especial da Casa Civil, que conhece Dilma há 30 anos. Técnica que fez carreira na Secretaria de Planejamento da Bahia, participou com a ministra da organização guerrilheira VAR-Palmares, na época da ditadura.
Em 5 de novembro, o "Diário Oficial" trouxe outra nomeação de perfil semelhante, a de Maria Celeste Martins para o cargo de assessora especial da Casa Civil. É outra ex-militante contrária ao regime militar.
São poucas as concessões da ministra ao PT. Ela manteve alguns petistas da gestão de José Dirceu -gaúchos com quem tem relações políticas antigas.
Elaine Paz, que trabalha na subchefia de Articulação da Casa Civil, foi secretária de Governo de Porto Alegre, que era controlada pelo PT. Tereza Campelo, outra assessora especial, trabalhou na gestão de Olívio Dutra no governo gaúcho. Responsável por "projetos estratégicos", ela é um dos poucos vínculos com a burocracia partidária: seu marido é Paulo Ferreira, tesoureiro do PT.
Para petistas procurados pela Folha, Dilma, se quiser viabilizar-se como candidata, precisará suavizar o estilo e dar atenção a demandas do partido. Para isso, ela conta com dois aliados no governo: os ministros Tarso Genro (Justiça) e Guido Mantega (Fazenda).


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