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Ação de ministro paralisa 50 projetos da gestão FHC
LUCIO VAZ
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão do ministro dos
Transportes, Anderson Adauto,
de suspender as licitações para
obras de infra-estrutura paralisou
50 projetos lançados às pressas
nas últimas semanas do governo
Fernando Henrique Cardoso, ao
custo de R$ 763 milhões.
As licitações foram autorizadas,
em caráter excepcional, pelo então ministro João Henrique Souza, porque um decreto da Presidência da República proibia o lançamento de novas obras entre 15
de novembro e 31 de dezembro.
Com a autorização do ministro,
os editais poderiam ser lançados
até o dia 22 de novembro.
Souza lançou 41 licitações para
obras de infra-estrutura no valor
de R$ 694 milhões até aquela data.
Mas um novo decreto ampliou o
prazo para 27 de novembro. O
ministro lançou então nove editais no valor de R$ 69 milhões.
A "farra" de licitações foi denunciada na época pelo deputado
Beto Albuquerque (PSB-RS). "Essa pressa deixa um cheiro forte no
ar. Como pode um governo que
não paga desde março lançar, a
toque de caixa e já no apagar das
luzes, uma batelada de editais milionários? Isso não é ético nem lícito", afirmou Albuquerque.
O deputado argumentava que a
conta seria paga pelo governo
Luiz Inácio Lula da Silva. "São
contratos certos para o governo
Lula. Estou falando de bilhões de
reais em dívidas para o próximo
governo, que talvez tenha outras
prioridades e outros métodos de
avaliação."
Entre as licitações lançadas às
pressas e agora suspensas estão a
duplicação e restauração da BR-493/RJ, avaliada em R$ 162,8 milhões, e a adequação de capacidade e restauração na BR-267/MS,
num total de R$ 197,4 milhões.
Entre as licitações suspensas estão algumas lançadas bem antes
do prazo final, como a duplicação
da BR-101 entre Osório (RS) e Florianópolis (SC), cujo edital foi publicado em 28 de junho de 2002.
Os editais ficarão suspensos pelo
menos até julho. Até lá, poderão
ser autorizadas obras de conservação e recuperação de rodovias.
Ao anunciar a suspensão de
aproximadamente 60 processos
de licitação, Adauto disse que a
determinação de Lula de dar
"transparência à aplicação dos recursos públicos" teria que prevalecer "dentro de um órgão que no
governo anterior foi manchete na
imprensa várias vezes com relação a custos de obras".
Em 1999 a Folha publicou que
havia um esquema de fraude dentro do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem)
que envolvia pagamento de propinas para a liberação de precatórios fora da ordem de pagamento.
Outro lado
A assessoria de imprensa do Ministério dos Transportes afirmou
à Folha, em novembro do ano
passado, que foi lançado um volume maior de licitações naquele
período porque eram os últimos
dias para a publicação de editais.
Disse que a maioria das obras seria relativa a manutenção e conservação. A reportagem tentou
ontem contato com o ex-ministro
por intermédio do ministério.
Não recebeu resposta até as 19h.
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