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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ NOVAS CONEXÕES
Advogado Roberto Bertholdo quer falar à Procuradoria Geral para revelar, segundo ele, "todos os casos de corrupção que envolvem o governo"
Pivô do novo "mensalão" pede para ser ouvido
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O advogado Roberto Bertholdo
vai protocolar amanhã, em Brasília, um pedido na Procuradoria
Geral da República para ser ouvido nas investigações que apuram
casos de corrupção no governo
federal. Ele diz que pretende dar
um depoimento sobre "todos os
casos de corrupção que envolvem
o governo" e "outras situações"
que ocorreriam de forma "sistemática" entre políticos.
Bertholdo, que está preso no Paraná acusado de grampear um
juiz do Estado e de "torturar" um
ex-sócio, foi apontado pela revista
"Veja" que circula nesta semana
como operador do "mensalão"
dentro do PMDB.
Mesada
De acordo com a revista, o advogado, que era assessor do então
líder do partido na Câmara, deputado José Borba (PMDB-PR), distribuía uma mesada que variava
de R$ 15.000 a R$ 200 mil para 55
dos 81 deputados do partido. Teria até transportado, de acordo
com a "Veja", mais de R$ 8 milhões em dinheiro em um jatinho.
Borba, que foi envolvido no esquema do "mensalão", renunciou
ao mandato no ano passado para
evitar a cassação.
Bertholdo teria ainda intermediado um acordo entre Ratinho e
o PT para que o apresentador do
SBT falasse bem do partido em
2004. Ratinho nega.
Bertholdo diz que "as histórias
da "Veja" não são verdadeiras" e
que "o "mensalão" nunca existiu
no PMDB". O advogado diz que
revelará fatos que envolvem outros partidos "da base aliada".
"Dinheiro vivo"
"Eu sei de outras coisas relacionadas a outros partidos. Sei como
está sendo feita essa corrupção.
Toda a corrupção é feita sempre
com dinheiro vivo. E eu sei, por
exemplo, quem opera e quem
transforma recursos em dinheiro
vivo para ser distribuído a deputados", afirmou.
De acordo com ele, as revelações vão mostrar que "outros braços", além de bancos já citados no
escândalo, são fonte de dinheiro
vivo para a corrupção. "Existe esse outro braço. E não é banco. É
um grupo de doleiros. Alguns já
foram depor na CPI. Muitos mentiram. Eles estão articulados. São
todos capitaneados por um deputado federal do Paraná, que pega
o dinheiro e distribui a vários deputados da base aliada."
De acordo com Bertholdo, o deputado dizia que fazia tudo "combinado com o presidente [da República], mas eu nem acredito
que ele dizia a verdade".
Furnas
A Folha perguntou os nomes do
deputado, dos doleiros e dos parlamentares para quem tais recursos seriam distribuídos, mas Bertholdo não quis revelar. A Folha
perguntou também de onde viria
o dinheiro vivo distribuído a deputados -se do governo federal e
de estatais ou de empresas privadas com interesses nos negócios
do Estado.
"Provavelmente [as informações que dará à Procuradoria Geral] vão chegar a Furnas, a diferentes fundos de pensão e a histórias que não se fecharam até agora." O advogado participou do
governo Lula. Ele foi indicado, no
início do governo do PT, para fazer parte do conselho da Itaipu Binacional, indicado pelo PMDB do
Paraná.
Bertholdo diz que as histórias
que contará aos procuradores
"demandam apuração" para que
sejam provadas.
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